A FALECIDA DRA The Late Mrs. Anna Kingsford, M.D. – Helena Petrovna Blavatsky

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3. O EVANGELHO DA INTERPRETAÇÃO

 

            “Aquilo que vocês precisam na Terra é a interpretação de suas Bíblias, e de todas as Escrituras que contêm a sabedoria oculta, o mistério de que São Paulo tão frequentemente mencionava como existindo desde os primórdios do mundo”. (Uma Mensagem à Terra, p. 69).

 

 

VIVIANE: O que é o Evangelho da Interpretação?

 

ARNALDO: Trata-se da mensagem filosófico-religiosa que procura resgatar a verdade original das grandes tradições religiosas, especialmente do Ocidente, que foi trazida ao mundo, sobretudo, nos escritos da Dra. Kingsford e de Maitland. Como dissemos, isso não exclui outros profetas, que também deram suas contribuições. Mas as obras pioneiras e que dão a nota fundamental estão nos escritos desses dois profetas, que ainda são tão pouco reconhecidos pela ignorância e ingratidão desse nosso mundo.

            No site www.anna-kingsford.com temos todas as suas obras on-line, inclusive obras de secundária importância, que não pertencem ao Evangelho da Interpretação.

            Segundo Edward Maitland, que fundou uma organização para a difusão dessa mensagem (a União Cristã Esotérica), as obras que foram reconhecidas, naquela época, como parte do Evangelho da Interpretação são as seguintes:

 

The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo). Anna Kingsford e Edward Maitland. Hamilton, Adams & Co., Londres, 1882. Segunda edição revisada e ampliada: Field and Tuer, Londres, 1887; 3a edição: 1890. Quinta edição, com adições, e longo Prefácio Biográfico de Samuel Hopgood Hart: John M. Watkins, Londres, 1923.

 

Clothed with the Sun: Being the Illuminations of Anna (Bonus) Kingsford (Vestida com o Sol: as Iluminações de Anna (Bonus) Kingsford). Anna Kingsford. Editada por Edward Maitland. Primeira edição: John M. Watkins, Londres, 1889. Segunda edição: The Ruskin Press, Birmingham, 1906. Terceira edição: editada por Samuel Hopgood Hart, 1937. Sun Books (reimpressão), Santa Fe, 1993.

 

The Bible’s Own Account of Itself (O Relato da Própria Bíblia sobre Si Mesma). Edward Maitland. 1ª. Edição: Ruskin Press, Birmingham, 1891. 2ª. Edição, completa com Apêndice: Ruskin Press, Birmingham, 1905. 83 pp. 3ª. Edição: John M. Watkins, Londres, 1913.

 

The “New Gospel of Interpretation” Being an Abstract of the Doctrine and a Statement of the Origin, Object, Basis, Method and Scope of the Esoteric Christian Union (O “Novo Evangelho da Interpretação”. Sendo um Resumo da Doutrina e uma Declaração da Origem, Objetivo, Fundamento, Método e Alcance da União Cristã Esotérica). Edward Maitland. Publicado sob os auspícios da União Cristã Esotérica. Londres, Lamley & Co., 1892.

 

A Message to Earth (Uma Mensagem à Terra). Publicado anonimamente. [Nota do compilador: Provavelmente editado por Edward Maitland.] Publicado em conjunto com os escritos reconhecidos pela União Cristã Esotérica como pertencendo ao “Novo Evangelho da Interpretação”. Londres (Lamley & Co., 1 & 3 Exhibition Road, S.W.), 1892.

 

            A seguinte obra também contém ensinamentos idênticos às obras acima, quanto à origem e ao caráter, porém mesclados com alguns escritos mais leves:

 

Dreams and Dream Stories (Sonhos e Estórias de Sonho). Anna Kingsford. Editada por Edward Maitland. Segunda edição: George Redway, Londres, 1888.

 

            Podemos, seguramente, adicionar mais algumas, publicadas posteriormente – que são as seguintes:

 

The Story of Anna Kingsford and Edward Maitland and of the New Gospel of Interpretation (A História de Anna Kingsford e Edward Maitland e do Novo Evangelho da Interpretação). Edward Maitland. 1ª Edição, 1893. 2ª Edição, 1894. 3ª Edição, editada por Samuel H. Hart: Ruskin Press, Birmingham, 1905.

 

The Life of Anna Kingsford: Her Life, Letters, Diary and Work (A Vida de Anna Kingsford: Sua Vida, Cartas, Diário e Obra). Edward Maitland. Dois volumes. George Redway, Londres, 1896. 3ª Edição, editada por Samuel Hopgood Hart: John M. Watkins, Londres, 1913.

 

Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios Sobre o Vegetarianismo). A obra reúne textos de Anna Kingsford e Edward Maitland. Editada por Samuel Hopgood Hart. John M. Watkins, Londres, 1912.

 

The Credo of Christendom: and other Addresses and Essays on Esoteric Christianity (O Credo do Cristianismo: e Outras Palestras e Ensaios sobre o Cristianismo Esotérico). A obra reúne textos de Anna Kingsford e Edward Maitland. Editada por Samuel Hopgood Hart. John M. Watkins, Londres, 1916.

 

            Em resumo, o Evangelho da Interpretação é o verdadeiro e antigo Evangelho que está sendo resgatado. Da mesma forma, o Cristianismo Budista é o resgate da verdadeira e antiga mensagem do Cristo Jesus e do Buda Gautama, que, como já dissemos, constituem uma mesma grande tradição, que nunca deveria ter sido separada.

 

 

VIVIANE: Podemos dizer que o Cristianismo Budista é a antiga religião que o Evangelho da Interpretação veio para resgatar, veio para reviver.

 

ARNALDO: Exatamente. Acredita-se que o Cristianismo Budista, em particular, e o Evangelho da Interpretação, em geral, constituem-se no cumprimento, pelo menos em parte, ou em alguma medida, da antiga profecia dos ossos ressecados que ganham novamente sangue novo e vida.

 

 

“Veio sobre mim a mão do Senhor; e ele me levou no Espírito do Senhor, e me pôs no meio do vale que estava cheio de ossos; e me fez andar ao redor deles. E eis que eram muito numerosos sobre a face do vale; e eis que estavam sequíssimos.

            Ele me perguntou: Filho do homem, poderão viver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes.

            Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.

            Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer entrar em vós o fôlego da vida, e vivereis. E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vos estenderei pele, e porei em vós o fôlego da vida, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor.

            Profetizei, pois, como se me deu ordem. Ora enquanto eu profetizava, houve um ruído; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles fôlego.

            Então ele me disse: Profetiza ao fôlego da vida, profetiza, ó filho do homem, e dize ao fôlego da vida: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó fôlego da vida, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.

            Profetizei, pois, como ele me ordenara; então o fôlego da vida entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo”. (Ezequiel, 37:1-10)
 

 

            Naturalmente, o atual momento do Cristianismo Budista significa e se constitui numa nova tentativa, um novo esforço, um novo impulso – dentro de um panorama bastante desolador – de resgatar a verdade contida nesses antigos símbolos e nessa antiga religião. Religião que o mundo pensa, erroneamente, que são duas. E esse panorama é tão desolador que chega a parecer que está sendo trazido algo novo. Mas, como disse, trata-se apenas de um resgate de coisas antigas e muito deturpadas, ou, às vezes, até mesmo esquecidas.

 

 

VIVIANE: É preciso então renovar.

 

ARNALDO: Sim, renovar, mas resgatando esses símbolos que ainda estão aí. Na ciência convencional, no consumismo materialista, na política e na arte mundana não temos quase nada que fale de forma consistente à Alma do ser humano. Então, precisamos resgatar a verdade contida nos símbolos religiosos.

 

 

            “Nesse ponto os literalistas demonstram que são incapazes de ver que fazer com que o sentido “óbvio” da Bíblia seja o seu sentido real seria destruí-la enquanto uma Bíblia, ou um livro da alma; uma vez que como livro da alma ela deve apelar à alma e não aos sentidos; e deve se referir não a pessoas, coisas e eventos pertencentes ao plano físico, mas a princípios, processos e estados puramente espirituais – ainda que expressos em termos derivados do plano físico – usando pessoas, coisas e eventos tão somente como forma de ilustração”. (Novo Evangelho da Interpretação, p. 12. Nota: Grifo nosso)
 

 

            Certa vez tive um insight. Estava nos Estados Unidos, no meio daquela sociedade de consumo, de desperdício. Era uma primeira sexta-feira, eu estava sem carro e procurava uma Missa para assistir, como procuro sempre fazer nas primeiras sextas feiras de cada mês. Saí de ônibus, procurando, até que achei uma escola católica longe de onde eu estava. Cheguei para a Missa das 8 horas da manhã, e quando entrei naquela igreja, vi as crianças cantando, com todos aqueles símbolos ao redor – a Cruz, Nossa Senhora, etc. – eu percebi, num flash de luz interior: “Isso aqui tem muita idolatria, mas comparando com o mundo que está lá fora, pelo menos ainda tem uma casca, um verniz da coisa real. No mundo quase só há o materialismo. Aqui dentro, mesmo com toda a idolatria, há um resquício das coisas sagradas”. É um pálido resumo do insight.

 

 

VIVIANE: Esses símbolos parecem tão perdidos, a Igreja se mostra tão distante da realidade desses símbolos e, portanto, das nossas Almas, que fica difícil encontrar o que precisamos, sentir Deus.

 

ARNALDO: É realmente difícil, mas nessas tradições religiosas – não só no Catolicismo Romano – ainda estão preservadas muitas formas e símbolos sagrados. Se tivermos sensibilidade, perceberemos a Luz Divina por trás daquela idolatria toda, daquele engano, da falsidade. Na hora em que o sacerdote está oficiando, se você prestar bem atenção ao que acontece, verá que ainda acontecem coisas muito boas, como o fluir de energias santificadas, sobretudo na cerimônia da Eucaristia. Se puder interpretar suas palavras à luz do Evangelho da Interpretação, poderá perceber que esses símbolos, hoje deturpados, já contiveram e podem novamente conter um conhecimento que pode nos salvar do materialismo e do niilismo, como os ossos que ganham novamente carne, sangue e vida.

VIVIANE: A egrégora ainda existe.

 

ARNALDO: Sim, já muito deturpada, mas ainda existe. Pelo menos existe mais ali do que fora dali, no mundo em geral. E os símbolos sagrados, embora agora um tanto vazios, apenas como a casca ou os ossos ressecados, também estão presentes. E mesmo que não existisse a egrégora, se os símbolos estão ali, devemos procurar resgatar a sua verdadeira interpretação, como dever para com nosso povo e um dever para com os Maiores do que nós, que deram e que continuamente dão a vida por nós. Se Eles fizeram e fazem esse Sacrifício, quem somos nós para renegar?

            Precisamos tirar o que tem de falso e colocar luz. Esse é o nosso dever, tanto pensando nos que são menores, “mais jovens”, quanto nos que são maiores, “mais velhos” do que nós.

            Temos que procurar trazer a pequena luz que pudermos ao mundo. Como no dito popular: “melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão”.

 

 

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