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XXII.

 

Atual Desintegração da Sociedade é Preparatória da

Re-integração com Base na “Nova Interpretação”

 

 

            A respeito daquele tempo está escrito: “As estrelas cairão do céu, e os poderes do céu serão sacudidos”. Com essa imagem se faz alusão ao desmantelamento dos intelectos representantes da época por meio da exposição da falsidade de sua filosofia e ciência, e à queda das ortodoxias dominantes. Daí que não é apenas para o Sacerdotalismo da Religião que a “Nova Interpretação” tem uma mensagem ao mesmo tempo incisiva e peremptória, mas para todas as suas modalidades, seja na Igreja, no Estado ou na Sociedade, onde quer que costumes, convenções ou tradições possuam regras que excluam princípios da verdade e do bem, e “o Senhor” – a divindade em cada individualidade – seja sistematicamente “crucificado” ao ser reprimido ao invés de desenvolvido. Aqui será suficiente falar de sua mensagem para apenas um desses Sacerdotalismos, que é aquele que, sendo um aberto e declarado inimigo e rival da religião, afirma a supremacia do sacerdotalismo da ciência.

 

            Sem negar que a Ciência fez bom e necessário serviço ao salvar o intelecto de sua supressão nas mãos de seus colegas da religião, não obstante isso, ela fez um correspondente serviço maléfico ao suprimir, por sua vez, o suplemento e complemento do intelecto bem como sua indispensável companheira, a intuição. Pois ao assim fazer ela tem trabalhado com um órgão mutilado, empregando métodos ilegítimos uma vez que são desumanos, e enganadores uma vez que não científicos, levando a conclusões falsas e desastrosas a respeito de tudo o que é essencial no homem. E isso ao ponto de fazer as condições da existência algo em que a “sobrevivência do mais apto” para eles significa a sobrevivência do completamente menos apto a existir.

 

            O pecado dominante da Ciência tem sido a arrogante Presunção. Ela tem presumido a não-existência de tudo o que transcende a faculdade por ela empregada – os sentidos e o raciocínio superficiais – e com isso tem presumido a verdade da hipótese materialista, rejeitando desdenhosamente, sem o devido exame, todas as evidências oferecidas em contrário. Fazendo isso ela tornou não a experiência, mas sim a não-experiência sua base de conclusões, e não a descoberta da verdade, mas sim o estabelecimento de suas próprias hipóteses pré-concebidas, o seu objeto.

 

            E assim teve como resultado que ao invés de liderar a vanguarda de um exército de buscadores da verdade inclinados à conquista do mistério da existência, ela ficou bem longe disso, abraçando sua própria ignorância, se vangloriando como “agnóstica”, e, a respeito do mais importante de todos os conhecimentos, demonstrou não ser ciência porém “nesciência” [N.T: ciência néscia]. Esse é o conhecimento da natureza real do homem e de seu destino.

 

            Pois, enquanto sob a efusão espiritual da segunda metade do século XIX, quando tem havido milhões de pessoas, sóbrias de julgamento e inatacáveis como testemunhas, muitas das quais altamente treinadas em métodos científicos, as quais tendo uma mente aberta obtiveram provas a respeito da realidade e da acessibilidade do mundo espiritual e, daí, da sobrevivência do homem após deixar o corpo material; provas cuja rejeição seria deixar a si mesmos sem bases sólidas nas quais acreditar na existência do mundo físico – a Ciência continua obstinadamente ignorante desse fato, e em sua ignorância presume positivamente negar o fato, baseando sua negativa sobre a não-experiência devido à sua recusa da experiência, quer a sua própria quer aquela de outros.

 

            A futura história da Superstição não conterá nenhum capítulo mais humilhante para a mente humana do que esse que tem por seu tópico a atitude da ciência em relação ao movimento espiritual dessa época. A causa não está longe para ser encontrada. Tendo tornado a matéria o seu fetiche, seus sacerdotes não tolerariam nada que pudesse por em perigo seu ídolo. O moderno cientista não passa do velho sacerdote usando uma linguagem diferente. O espírito é o mesmo.

 

            Isso porque a superstição não consiste na crença num mundo espiritual. Ela consiste em atribuir a qualquer entidade, real ou fictícia, propriedades e atributos que ela não possui, e lhe conferir veneração por conta dessas propriedades e atributos. E a ciência tem feito isso com a matéria. Razão porque, como a mais materialística de todas as idades, essa tem sido a mais supersticiosa de todas as idades.

 

            Por meio de defeitos semelhantes de índole, faculdade e método ocorreu que a ciência recuperou a antiga doutrina bíblica do Desenvolvimento, apenas para torná-la ridícula, chamando-a de evolução. Pois o resultado de considerar a matéria como a base do processo é negar à entidade que é o verdadeiro sujeito e objeto do processo, a permanência indispensável ao processo. E ao invés de livrar-se, como credulamente pensou fazer, da idéia de Deus, ela tem, por sua prática atribuição à matéria de potencialidades mais do que divinas – pois mesmo a Divindade não é concebida como transcendendo a Si mesma – exaltado a matéria ao lugar de Deus, com o resultado de deificar o mais baixo ao invés do mais elevado.

 

            Enquanto isso, mesmo admitindo sua absoluta ignorância acerca da natureza tanto da força pela qual, quanto da substância na qual, bem como da impulsão por meio da qual a evolução ocorre, ela assinala, por sua negação de todas as experiências transcendentes, limites à evolução. E enquanto, além disso, fez da evolução o método de todo progresso e desenvolvimento, ela sistematicamente recorreu a métodos que, por sua própria natureza, tendem inevitavelmente a paralisar e a reverter o processo da evolução, por convertê-lo em retrocesso e degradação, fatalmente deteriorando os próprios homens, e isso com o pretexto de beneficiar a humanidade.

 

            Ao passo que quando – ao observar atentamente a mensagem da “Nova Interpretação”, e ao adicionar ao Intelecto a Intuição – a Ciência trabalhar com o órgão completo, ela reconhecerá como o real material das coisas não a matéria, mas a substância, e essa sendo a divina substância, sendo mesmo a própria divindade, e, por conseguinte, reconhecerá a divindade da herança da qual a evolução é, a uma só vez, a demonstração e a manifestação. Nesse momento ela reconhecerá a natureza moral e espiritual do homem como o sujeito da evolução, tanto quanto sua natureza física. E, bem mais do que isso, os reconhecerá como o objeto da evolução, vendo que eles, e tão somente eles, pertencem a ele, e o constituem como um ser permanente e perfectível.

 

            A Ciência deve aprender que o poder do conhecimento para abençoar ou para amaldiçoar depende do método de sua aquisição, não menos do que da sua aplicação. Não há conhecimentos proibidos; mas há métodos proibidos. Aqueles que insistem nesses métodos como sendo necessários condenam a si próprios a estarem constitucionalmente desqualificados para a busca de conhecimento. Eles se equivocaram quanto às suas vocações.

 

            Até aqui, convencido por seus sacerdotes da religião que ele é feito do nada, e por seus sacerdotes da ciência que ele é feito da matéria, o homem tem tido bem o contrário do que um encorajamento para ajudar a si próprio quanto a seu poder de auto-desenvolvimento. E assim aconteceu que, não vendo qualquer meta que valha à pena despender o esforço necessário para alcançar, ele tem desacreditado completamente da vida como algo que realmente valha à pena e se tornado pessimista. Mas agora, por meio do advento do “Novo Evangelho da Interpretação”, que fornecendo provas incontestáveis da divindade da sua substância e daí do ilimitado das suas potencialidades, o seu caminho está desimpedido, e ele tem diante de si uma trilha e uma busca para a qual tão só a imbecilidade pode por limites, ou recusar seguir.

 

            Aqui está a reconciliação da Religião com a Ciência. Essa reconciliação, contudo, não se dará entre aqueles, falsamente assim chamados de religião e ciência, que até aqui estão em voga. Quanto mais rápido eles perecerem e desaparecerem do cenário mundial tanto melhor. Mas se dará para aqueles verdadeiramente assim chamados [Religião e Ciência] os quais serão frutos do “Novo Evangelho da Interpretação”. Para eles, trabalhando cada qual com um órgão aperfeiçoado e um intento purificado nos diversos planos, porém em uma mesma direção, eles ao mesmo tempo ministrarão para a realização pelo homem acerca daquilo que, em virtude de sua filiação, constituição e natureza, ele tem como seu perene e inalienável direito de nascimento – a divindade que o Cristo disse ser verdadeira para o homem, tendo morrido somente para a sua afirmação. E a própria tentativa de realizar tal divindade provar-se-á na realizão da missão de Cristo, isto é, o estabelecimento do “reino de Deus” “assim na terra como no céu”.

 

            E a respeito do tempo que se inicia, quando a emanação divina, evidente para todos os olhos espiritualmente perceptivos como estando agora em curso, de forma real e em ampla extensão – da qual o “Novo Evangelho da Interpretação”, que embora seja seu sinal mais elevado, é tão somente um dos muitos sinais – tiver estabelecido a sua influência, podemos com segurança afirmar que tão somente na medida em que qualquer sacerdócio, de qualquer culto seja ele qual for, quer religioso ou de outro tipo, trabalhar nessa sintonia é que ele obterá reconhecimento como tendo razão válida para existir.

 

            Pois, então, o homem sadio e equilibrado será a regra e não, como até aqui, a exceção. E, sendo sadio e equilibrado, ele ordenará de tal modo sua morada e sua família em todos os detalhes da vida de maneira que construa a sociedade como a “cidade sagrada” que sempre desce do céu para o entendimento purificado do homem, até aquele ideal perfeito do qual Cristo é a expressão individualizada.

 

            Pois, a “Descoberta de Cristo” é a realização daquele ideal que o homem sempre discerne, sempre que sua intuição seja completa. A religião do Cristo é entusiasmo pelo ideal; e o único verdadeiro Cristianismo é a imitação de Cristo. Razão porque na cidade sobre a qual se disse “ficarão de fora os cães” [e “feiticeiros, homicidas, idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira”] [Apocalipse 22:15], não há lugar para aqueles que, condenando o entusiasmo e sendo inimigos do ideal, são apropriadamente denominados de “cínicos”.

 

            “Eis que faço todas as coisas novas” [Apocalipse 21:5]. Vários sinais apontam como iminente a dissolução da ordem existente. Classe está dividida contra classe. A lei é sistematicamente desacatada. O casamento se tornou um fracasso devido à inabilidade das pessoas de viver à altura do mesmo. Assassinatos estão em alta, de forma desavergonhada e ostensiva, alegando ser um método legítimo de reparar as desigualdades sociais. Loucura, desespero e suicídio são abundantes de forma sem precedentes, evidenciando que os homens estão rapidamente chegando ao ponto de temer mais a vida do que a morte. E armados até os dentes, milhões de homens aguardam prontos pelo sinal de se atirarem uns na garganta dos outros. A tal sorte os Sacerdotalismos religiosos, políticos, científicos e sociais, em seu conjunto, rebaixaram a condição do mundo, por meio de suas sistemáticas blasfêmias contra as leis do Ser, e portanto contra o Espírito Santo, sob a instigação das profundezas infernais.

 

            Tal sendo a perversidade do mundo, o sofrimento do mundo é prova positiva da bondade de Deus. Está em consonância com a ordem divina que o mal deve operar sua própria destruição como o antecedente da reconstrução. Que o barbarismo das ortodoxias dominantes se enfureça como fizer, e que as pessoas por ele criadas imaginem as coisas vãs que quiserem, haverá sempre Um que, situado nos céus, “cavalga no tornado e dirige a tempestade” que o homem criou para si mesmo, e a partir do mal produz o bem: – “Adonai, a Palavra [o Verbo], a Voz Invisível”, Aquele cujo símbolos são “Solve, Coagula, Fige”; dissolve, renova, fixa; desintegra, re-integra, consolida.

 

            Ele é a “Palavra para sempre escrita nos céus”; e “em suas mãos estão os poderes duais de todas as coisas, possuindo a potência de ambos em si mesmo”. E sempre está o “Arco Íris” de Seus “Sete Espíritos” “posto nas nuvens” para aqueles que, habitando nas alturas de Sua montanha sagrada, como pastores espirituais, dedicadamente olham os rebanhos por meio de suas puras intuições. E para eles a terra nunca está realmente afundada – por mais desesperante que o caso possa parecer, e tremendo como possa ser o processo de purgação – mas está apenas sendo lavada e purificada. Pois como esses seres sabem, Deus está imanente na terra. E nunca foi o assunto de tal dilúvio mais palpável e certo em termos de probabilidade como agora. Isso porque na “Nova Interpretação” foi dado, com antecedência à catástrofe, aquilo que deve controlar e moldar a reconstrução que deve vir depois da catástrofe. E “com ela toda a terra será coberta”.

 

 

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