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XXI.

 

A Igreja da Regeneração, suas

Características: “os Ossos Secos Vivem”

 

 

             Na Igreja da Regeneração que virá da “Nova Interpretação” o Sacerdotalismo, transformado, deixará, daí em diante, de considerar como seu modelo apropriado aquele que, quer como pagão ou como papal, sempre foi considerado como sinônimo de Força – Roma. Porém, revertendo isso, terá o Amor; tomando como seu lema: “Não há religião tão elevada quanto o Amor”, e vivendo à altura do mesmo.

 

            E, também, o “Pedro” da Regeneração, ao invés de negar seu Senhor e afirmar ser, ele mesmo, a Rocha da Igreja, preencherá sua devida função dupla, como está implícito no nome do seu grande protótipo, Hermes, sendo Intérprete assim como Rocha.

 

            Assim fazendo ele demonstrará que aprendeu a reconhecer o Entendimento, e não qualquer pessoa, qualquer livro, qualquer tradição, ou qualquer outra coisa que não o Entendimento como a Rocha – a inexpugnável Rocha – da Igreja. Assim como a reconhecer como sendo a verdadeira Igreja tão somente aquela que está fundamentada no Entendimento, uma vez que é a Fé que salva, e que aquilo que não possui o Entendimento não é Fé, porém Credulidade. E é tão somente contra a Igreja que é assim estabelecida que os portões do inferno não podem prevalecer. Pois o Mistério, o qual é a negação do Entendimento, é o mais potente instrumento do Diabo, sendo – como progenitor de todos os seus outros instrumentos – chamado de “Mãe das abominações”.

 

            E com o Mistério que, ao invés de requerer apenas a exaltação do Entendimento, requer a sua supressão, vem seu correlato, a Magia, aquilo que, sob o nome de “Sacramentarismo”, implica no poder de sinais externos e visíveis para efetuar, por eles mesmos, resultados salvadores, independente de graças internas e espirituais. Pois será reconhecido como um instrumento sutil do pai da ordem sacerdotal, o qual tem como seu objetivo a subversão da Regeneração como o único verdadeiro caminho de salvação, em favor da Substituição [salvação por meio de algo ou alguém externo] e de uma doutrina de sangue, e a conseqüente confirmação de seu próprio reino, por meio da glorificação de seus representantes terrenos, os sacerdotalismos caídos.

 

            Desse modo, descartando as tradições derivadas do poço infernal, as quais até então eles têm “tornado a Palavra de Deus sem qualquer efeito” [Mateus 15:6-7], o clero cessará seu vão e ímpio empenho de “fazer conciliação entre Cristo e Beliel”, e não mais auxiliando “o deus desse mundo a cegar os olhos dos homens para a luz do glorioso Evangelho do Cristo”. Não pode haver nenhum “acordo entre o templo do Deus Vivo e os ídolos”, nenhum comprometimento entre o evangelho de Cristo e a religião do sacerdotalismo.

 

            E, então, “Pedro” não mais usará sua espada para cortar orelhas de ouvintes a fim de que ouvindo eles pudessem entender e serem convertidos e curados; mas sim para abrir suas almas, dando-lhes – ao invés de “pedras” não nutritivas, uma vez que dogmas incompreendidos e “serpentes” do astral ilusório – os puros mistérios celestiais. E, desse modo, finalmente será cumprida a orientação de seu Mestre: “Alimentem minhas ovelhas”, dando-lhes aquele único “verdadeiro pão do céu”, o alimento do Entendimento.

 

            Sua espada será a “espada do Espírito”, e não a da carne. Pois será aquela “Palavra de Deus que penetra ao ponto de discernir entre alma e espírito”. De modo que não mais, por falta do poder de distinguir entre esses dois inalteráveis fatores do Ser, o Pai e o Filho sejam negados, o Espírito Santo seja blasfemado, o Herdeiro assassinado, e o Espírito torturado e morto, e isso “na casa de seus amigos”, por meio da supressão da Mulher, a Soberana da casa, a Substância e Mãe de Deus; sem a qual tanto o “Triângulo Superior” no Alto dos Céus do Não-Manifestado, quanto o “Triângulo Inferior” do Manifestado no homem são tornados sem vida, vazios e estéreis – uma verdadeira abominação da desolação. Mas a Plena Deidade e a Plena Humanidade encontrarão o reconhecimento e a manifestação que lhes são devidos, e a terra estará repleta, “como as águas cobrem o leito do mar”, com o conhecimento que sendo aquele de Deus no homem, é ao mesmo tempo aquele de Deus e do homem.

 

            E, porque a “Nova Interpretação” não apenas “denuncia as corrupções da Igreja”, mas demonstra no que tais corrupções consistem, juntamente com a causa, o processo e os motivos dessas corrupções, e com quem jaz a responsabilidade, e restaura a verdade em sua pureza, acontecerá com os dogmas, os credos, os rituais e outros símbolos da Igreja, como aconteceu com aqueles “ossos”, tão “ressecados”, sobre os quais, visando a sua regeneração, o profeta profetisou conforme lhe foi ordenado, dizendo: “Ó ossos ressecados, ouvi a palavra do Senhor: Eis que vou fazer entrar em vós o fôlego da vida, e vivereis. (...) Então sabereis que sou o Senhor. Profetizei, pois, como se me deu ordem. Ora, enquanto eu profetizava, houve um forte ruído, e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se uniram, cada osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e a pele veio sobre eles. (...) Profetizei pois, como ele me ordenara; então o fôlego da vinda entrou neles, e eles viveram, e se puseram de pé, formando um exército extraordinariamente grande”. [Ezequiel, 37:1-10]

 

            Assim, conforme agora finalmente se tornou manifesto, todas essas coisas são “vasos da casa do Senhor, que foram roubados para a Babilônia” de um Sacerdotalismo totalmente entregue à idolatria, e privado de sua devida significância e eficácia, resultando na desolação da Jerusalém da Igreja.

 

            Mas chegou o tempo quando “o Senhor expulsará o cativeiro de Sião”; e “Ciro” (1) construirá novamente o templo da verdadeira humanidade, cujos elementos eles simbolizam. Um exército, portanto, são eles, assim restaurados, onipotentes para intimidar e fulminar todo o exército Assírio dos blasfemadores contra Deus, contra a natureza, a razão e o homem, os quais, sob a tenebrosa lei do passado, usurparam os sagrados nomes e palavras da religião, da moralidade, da filosofia e da ciência, unicamente para violentá-los usando-os como um manto sob o qual podem fazer da terra o Aceldama e o Gólgota que ela já foi.

 

            Assim se cumprirá o Armagedom (2) daqueles inveterados inimigos de tudo aquilo que, sendo espiritual, é substancial e real: o “Gog e Magog” (3) da Externalidade e da Materialidade, cujo habitat é sempre o “norte” do mero intelectualismo. Pois aquilo que o Armagedom significa é a destruição desses por meio de um “Novo Evangelho”, ao mesmo tempo de Interpretação e de Reconciliação; tornando Cristo não mais uma espada, mas a paz: paz na terra e boa vontade entre os homens, para a glória de Deus nas Alturas.

 

NOTAS

 

(1) N.T: Alusão a Ciro, o Grande; imperador persa, conhecido por suas conquistas, tolerância, unificação e reformas beneficentes.

(2) N.T: Essa batalha aparece citada duas vezes no último livro da Bíblia (Apocalipse 16:14,16), como local duma guerra que preparará o caminho para um tempo de paz e justiça, e que destruirá apenas a iniquidade (Salmo 92:7).

(3) N.T: Aparecem nas profecias de Ezequiel, como príncipe do mal e local de seu reino, situado “ao norte”, contra os quais o profeta firmemente alerta.

 

 

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