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XVII.

 

“Revelação daquele Abominável”,

o Espírito que Controla o Sacerdotalismo

 

 

            Os dois eventos, a revelação “daquele abominável”, o “homem do pecado”, “o filho da perdição” e “mistério da iniquidade”, o inspirador gênio maligno do Sacerdotalismo, e a nova manifestação que deve constituir a segunda vinda do Cristo – esses dois eventos estão representados na Bíblia como estando imediatamente próximos e dependentes um do outro. E, em numerosas passagens, a Bíblia aponta, inequivocamente, para o advento de um “novo evangelho da interpretação” como o agente de ambos os eventos, e também para a restauração da Intuição como a faculdade através da qual isso será realizado. As seguintes estão entre as alusões em questão: –

 

            Em seu sentido esotérico, todo o livro de Ester é uma profecia da libertação da Igreja do poder do Sacerdotalismo por meio da “Mulher” Intuição, o nome Ester sendo o mesmo que “Easther” [Páscoa, em inglês], e denota o nascimento e ascensão de uma estrela e fonte de luz espiritual, sob a forma da nova revelação da interpretação verdadeira. Já o intelecto, pelo qual Ester, como a intuição, é treinado e sustentado, é representado por Mordecai, o qual – nesse aspecto – está para Ester assim como José está para Maria nos Evangelhos, ou seja, o guardião da alma.

 

            A destruição da imagem que aparece na visão Nabucodonossor, por uma pedra cortada de uma montanha sem a utilização de mãos, indica a destruição das civilizações sacrificiais do mundo, pela perfeita doutrina que virá da Intuição restaurada, a montanha sendo o “monte da regeneração” e “montanha do Senhor”, para a qual o único acesso é por meio de uma intuição pura.

 

            Também a anunciação feita para Daniel de que as palavras seriam abertas e os selos quebrados, com o reconhecimento da abominação da desolação ocupando os lugares sagrados, o que, na revelação que lhe foi transmitida, se daria sob o comando de Miguel, tem o mesmo significado: a saber, a restauração das faculdades de percepção espiritual através do equilíbrio dos dois fatores da mente, o intelecto e a intuição, e a revelação de um “novo evangelho da interpretação” como o sinal e prova disso.

 

            Além disso, tanto o período assinalado, como as condições descritas como sendo aquelas desse evento, correspondem precisamente com aquelas da nossa época, e a anunciação para Daniel é confirmada e reiterada por Jesus, e reforçada ainda por outro sinal de igual significado. Esse é o florescer da figueira: o figo sendo sempre, desde os tempos mais remotos, o emblema da “Mulher”, Intuição, como a faculdade da interpretação.

 

            E é por essa razão que o galho da figueira foi designado para Hermes – que também é Rafael – como o Anjo do Entendimento e “instrutor dos Cristos”, cujo nome significa tanto Rocha como Intérprete, em sinal de que o Entendimento é a rocha da verdadeira Igreja, e que tão somente é uma verdadeira Igreja aquela que está fundada sobre isso.

 

            Daí a execração da figueira estéril feita por Jesus, que significa a perda total da intuição pela Igreja, a qual de fato ocorreu, e sua consequente desastrosa perversão de si mesma e de seu evangelho. Enquanto que o florescer da figueira implica a chegada do tempo quando, através da restauração e da intuição e do advento de um “novo evangelho da interpretação”, os homens deverão uma vez mais sentar sob a vinha de um puro espírito e sob a figueira de uma intuição verdadeira, e “comer os frutos preciosos de Deus”.

 

            De igual modo, a predição de Jesus sobre o tempo quando “muitos virão do leste e do oeste e do norte e do sul, e sentar-se-ão com Abraão, Isaac e Jacó no “Reino de Deus” refere-se ao mesmo evento. Pois, em um aspecto, esses nomes são os equivalentes do povo hebreu para significar os mistérios sagrados de Bhrama, Ísis e Iacchos [o nome místico de Baco], da Índia, Egito e Grécia respectivamente, e, portanto, do Espírito, da Alma e do Corpo, cujos mistérios unidos compõem a Gnosis, ou perfeito sistema de doutrina do qual o Cristo e o “Reino de Deus” são os produtos.

 

            É a ampla abrangência dessa doutrina, conforme demonstrado por seu poder de atrair e reconciliar todos os tipos de mente e de caráter psicológico, que está representada pela enumeração dos quatro pontos cardeais; esses significando respectivamente o intuicional, o tradicional, o intelectual, e o emocional.

 

            Lida do ponto de vista esotérico, a narrativa das “Bodas [casamento] de Canaã na Galiléia” contém uma referência semelhante a um “novo evangelho da interpretação”, o qual deve suplementar e complementar o velho evangelho da manifestação: “Ele é revelado em primeiro lugar, pois ele é o Verbo [Palavra]; depois chega a hora de sua interpretação”. Jesus é a vinha, Maria é a figueira. Mas até que a hora do Homem seja realizada e completada, a hora da Mulher deve ser postergada. Por esse motivo disse o Senhor para ela: “Mulher, o que há entre eu e vós? Mesmo minha hora ainda não chegou”.

 

            Pendurado na cruz, Ele entrega nossa Senhora aos fiéis. Pois como o Cristo é “o filho da Mulher”, Intuição, assim Ela é “a Mãe do Cristo”. E que João fosse desse modo especialmente encarregado de cultivar [cuidar] da intuição, “e que a partir daquele momento a tenha tomado como sua própria mãe”, foi para que ele pudesse estar qualificado para ser, ele próprio, um manifestador e intérprete do Cristo para os demais, quer seja naquela época, ou em alguma época futura.

 

            Daí o significado daquela frase: “E se eu quiser que ele espere até que eu venha?” Foram os ricos dotes de João quanto a essa faculdade que o qualificaram para ser o porta-voz de Jesus depois de sua “Ascensão“. E a “nova interpretação” agora transmitida tem as características do espirito pelo qual ele conquistou os qualificativos de “Amado” e “divino”. A expressão “esperar” não necessariamente implica que seja na carne, mas significa dentro do alcance do plano físico, de tal modo que esteja disponível como o agente de futuras revelações. Daniel, também um “homem muito amado”, recebeu designações semelhantes.

 

            E, como já foi indicado, não é outra coisa senão um “novo evangelho da interpretação” o que está implícito na descrição da segunda vinda do Cristo. Que essa vinda deva ser espiritual e não pessoal está expressamente afirmado no alerta contra dar ouvidos àqueles que dizem: “Oh, aqui está Cristo, ou, oh, Ele está lá”. E de forma semelhante na afirmação que: “como o raio vindo do leste [oriente], e brilhando mesmo até o oeste [ocidente], assim deve também ser a vinda do Filho do Homem”. O significado disso é que a verdade, da qual o Cristo é a demonstração pessoal, deve ser tão vividamente apresentada ao mundo de modo que possa assegurar instantâneo e amplo reconhecimento.

 

            E não é outra coisa senão a potência dessa doutrina, e a luminosidade de sua exposição que estão significadas pelo “Espírito de Sua boca” e o “fulgor de Sua vinda”, por meio de cuja doutrina “aquele abominável” e “mistério da iniqüidade”, o espírito do Sacerdotalismo e sua prole caída devem ser consumidos e destruídos.

 

            Na aproximação para breve dessa consumação desejável, e em vista dos meios para tal realização, a “Nova Interpretação” assim expressa a si mesma: –

 

            Evoi Iacchos: (1) pois o dia chegou quando teus filhos comerão dos frutos da figueira: sim, a vinha deverá produzir novas uvas; e a figueira não será mais estéril.

            Pois a interpretação das coisas ocultas está ao dispor; e os homens comerão dos preciosos frutos de Deus.

            Eles comerão o maná dos céus; e beberão do rio de Salém.

            O Senhor faz novas todas as coisas: Ele leva embora a Letra para estabelecer o Espírito.

            Então falastes com a face velada, em parábolas e frases obscuras: pois o tempo dos figos ainda não havia chegado.

            E aqueles que se aproximaram da árvore da vida lá buscaram frutos e não encontraram.

            E daquele dia em diante, devido à maldição de Eva, nenhum homem comeu fruto da figueira.

            Pois o entendimento interior definhou, não há mais discernimento nos homens. Eles crucificaram o Senhor por causa de sua ignorância; não sabendo o que fizeram.

            Mas agora o Evangelho da Interpretação chegou, e o reinado da Mãe de Deus. (2)

 

NOTAS

 

(1) [Evoi: grito de invocação dos Mistérios de Baco.] O místico Bacchus ou Divino Espírito do planeta, chamado na Bíblia – sendo corretamente traduzido – “o poderoso deus Jacó [Iacchos]”; a história de Jacó sendo, em um aspecto, uma alegoria da evolução do princípio espiritual no homem, individual ou coletivo.

(2) Clothed with the Sun (Vestida com o Sol), I: xi, e II: xiii (2).

 

 

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