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VIII.

 

A Bíblia Afirma que o Sacerdotalismo

É de Origem Diabólica

 

            1. (*) Mesmo que fosse um fato que a feitiçaria tivesse deixado de ser praticada pelos sacerdotes, o Sacerdotalismo ainda assim representaria a sobrevivência do sistema que foi originado e desenvolvido por meio de feitiçaria.

 

            As seguintes expressões estão entre aquelas com as quais as Escrituras se referem à prática e às influências representadas pela feitiçaria. Estas expressões até o momento têm confundido os teólogos:

            “Príncipe das potestades do ar” [Efésios 2:2];

            “Principados e Autoridades”; [Efésios 6:12]

            “Regentes das trevas desse mundo” [Efésios 6:12];

            “perversidade espiritual em lugares elevados” [Efésios 6:12];

            “sinagoga de Satã” [Apocalipse 3:9]; (1)

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“aquela velha serpente que enganou toda a Terra” [Apocalipse 12:9];

“aquela grande cidade, Babilônia, por meio de cuja feitiçaria todas as nações foram enganadas” [Apocalipse 18:23];

“a besta que surge da Terra [Apocalipse 13:11], fazendo grandes milagres, e enganando àqueles que nela habitam por meio de milagres que ele (o Sacerdotalismo) teve o poder de realizar [Apocalipse 19:20] diante da besta que surgiu do mar” [Apocalipse 13:1].

 

            Essas expressões se referem à consciência espiritual deturpada da Igreja, a qual, após receber uma “ferida mortal” [Apocalipse 13:3 e 13:12] das mãos de Cristo, recuperou-se para operar tais horrores sobre a Terra que o vidente, vendo-os com antecipação, “chorou, pois não achou nenhum homem digno o suficiente para abrir e ler o livro” [Apocalipse 5:4] que expunha de antemão todo o mistério, cuja compreensão teria salvado o mundo da terrível história que foi a do Cristianismo sob o domínio do sacerdotalismo – pois essa compreensão abriria os olhos dos homens para sua verdadeira fonte e caráter.

 

            2. É à origem diabólica do Sacerdotalismo que Jesus se refere quando, se dirigindo à toda ordem daqueles que buscaram matá-lo, e que por fim o mataram, ele os chama de “geração de víboras” – se referindo à descendência da Serpente do Éden – e diz: “Sois do diabo, que é vosso pai” [João 8:44], e adiciona, ao identificar o sacerdote com o princípio representado por Cain, que “ele foi um mentiroso e um assassino desde o princípio” [João 8:44].

 

            O mesmo vale para as seguintes expressões:

            “aquele perverso”;

            “o homem do pecado”;

            “o mistério da iniqüidade”; e

            “filho da perdição”, “aquele que exaltou a si mesmo acima de tudo, e que se opõe e se levanta contra tudo que é chamado de Deus, ou é objeto de adoração, de modo que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus; [2 Tessalonicenses 2:4]”

            “o mistério da impiedade já está agindo, e agirá, até que seja afastado aquele que o retém” [2 Tessalonicenses 2:7]; e “aquele a quem o Senhor destruirá com o sopro [espírito] de Sua boca, e o suprimirá pela manifestação de Sua vinda” [2 Tessalonicenses 2:7].

 

            Essas são expressões que – consideradas em conexão com a declaração de que tal vinda se dará nas “nuvens do céu, com poder e grande glória” [Daniel 7:13] – implicam no advento de um novo

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Evangelho da Interpretação, que será tão potente na sua lógica, e tão luminoso na sua exposição que conquistará a plena convicção das mentes dos homens, resultando no completo desbaratamento do Sacerdotalismo e seus apoiadores. Pois, as “nuvens do céu” representam a compreensão restaurada do homem a respeito das coisas espirituais, que se seguirá à restauração da “mulher” – a intuição.

 

            3. Mas, na medida em que são as situações extremas do homem que se constituem na oportunidade divina – pois enquanto ele se considera como estando sadio ele não buscará nenhum médico – foi necessário primeiro que as “duas bestas”, o Sacerdotalismo e sua aliada, a Feitiçaria, tivessem feito tudo o que podiam de pior na criação de uma humanidade que, tendo sido feita inteiramente à imagem da negação de Deus, é descrita como portando na testa e na mão – isso é, mostrando em pensamento e em ação – a “marca da besta”, o símbolo do homem não apenas rudimentar e não regenerado devido à falta de evolução, mas degenerado ao máximo pela auto-degradação e não mais um homem, mas um demônio, como ele se transformou em tão grande medida, e fadado a ser rejeitado pelo cosmo planetário, e conduzido à extinção na esfera mais externa. Daí ser identificado pelo número 666, a soma de 1 até 36, que é o número de decanatos do zodíaco.

 

            4. Enquanto isso, o Sacerdotalismo, descrito como a “mulher enfeitada” – não vestida com o “linho branco”, que representa uma intuição pura – vestida com as cores “púrpura e escarlate”, que representam um império baseado no derramamento de sangue, que mantém relações com os “reis da terra”: os baixos desejos do homem. Mulher essa montada na besta – cujas sete cabeças e dez chifres representam os sete pecados capitais e as imagens invertidas, e tornadas diabólicas, dos dez Elohim, ou dez Sefirás de Deus – e que porta na fronte o talismã letal, o instrumento que o Sacerdotalismo sempre usou com enorme sucesso para tornar impotente a mente humana, e o adotando, por essa razão, tanto ao operar no campo da ciência, quanto, em não menor escala, ao operar no campo da religião.

“aquela grande cidade, Babilônia, por meio de cuja feitiçaria todas as nações foram enganadas” [Apocalipse 18:23];

 

            Assim, está na Escritura:

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“Mistério, Babilônia a Grande, Mãe das meretrizes e abominações da terra” [Apocalipse 17:5]. Pois, quer se escreva “Mistério” ou “O que não pode ser conhecido”, se trata da mesma coisa; e aquilo que ele representa é a dupla blasfêmia: primeiro contra o homem, por negar-lhe qualquer faculdade para a compreensão; e, depois, blasfêmia contra Deus, negando-Lhe o poder de auto-manifestação, auto-revelação, auto-individuação, que está implícito na negação de tal faculdade ao homem.

 

            5. E uma vez que essa é aquela “abominação que causa desolação” [Daniel 9:27], cujo reconhecimento como “estando no lugar sagrado” do Espírito, foi declarado tanto por Daniel como por Jesus como o sinal do fim dos tempos, ao dizer “Quando o vires, então o fim estará próximo, estará às suas portas”, pois ela sempre esteve lá, não percebida, desde a Queda – deve-se concluir sem dúvida que o fim agora é eminente.

 

            6. Quando se considera que a descrição em questão é aquela feita pelo próprio Jesus – falando por meio de seu “anjo”, através do discípulo chamado “o amado” e “o divino” – revela sobre o futuro de sua própria igreja, e que, além disso, descreve o Sacerdotalismo como “embriagado com o sangue dos santos e dos mártires de Jesus” – filhos, como ele mesmo, da “mulher” intuição – a falha, até aqui, em reconhecer a questão, diante de um retrato tão exato, somente é explicável com a hipótese de algum encantamento irresistível emitido das “profundezas”, expressamente lançado para cegar os olhos do homem a seu respeito.

 

7. Que uma exposição como a aqui feita tenha se tornado finalmente possível, é mais uma prova da proximidade do fim. Pois ela prova que os poderes do mal enfraqueceram de tal modo que não mais são capazes de cegar e silenciar. É a revolta moderna contra o Sacerdotalismo na religião que fez isso.

 

            Enquanto mantiveram um controle unificado, as forças das profundezas foram invencíveis. Pois o homem não podia se tornar receptivo ao celestial. Mas a revolta do intelecto contra o Sacerdotalismo sob uma forma, ainda que o restabeleça

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sob outra forma, a da ciência, o transforma em uma casa dividida contra si mesma, com o resultado usual, tornando possível a reabertura daquele intercâmbio com o celestial, que é aquilo que o infernal se esforça particularmente por impedir.

 

            A condição de tal intercâmbio divino é aquela descrita como o “secar do rio Eufrates, de modo que o caminho dos reis do Oriente seja preparado”. Pois pelo Eufrates se representa, tanto no último como no primeiro livro da Bíblia, a vontade humana, e pelos “reis do Oriente”, os princípios por meio dos quais o homem conhece e compreende. (1) Apenas quando aquele “grande rio”, o rio da vontade humana tiver “secado”, ao ser sublimado e se unificado à vontade divina, terá ele acesso à luz que nasce no “Oriente” espiritual, que é a forma que a Bíblia sempre representa a glória divina como chegando.

 

            Agora, o princípio que distingue o espiritual do infernal, e, portanto, por meio do qual seus correspondentes terrenos podem ser conhecidos, é a afirmação da Força ou Vontade, como sendo o único fator na existência. Em outras palavras, os espíritos infernais negam absolutamente o princípio essencial do Ser, representado pela Mulher.

 

            Essa é a negação que envolve os dois pecados capitais chamados de o “Anti-Cristo” e a “Blasfêmia contra o Espírito Santo”, como será mostrado pelas definições que a seguir serão dadas a respeitos desses pecados. Onde também ficará claro que a Bíblia responsabiliza o Sacerdotalismo por esses dois pecados, desse modo também o identificando com os poderes do mal implícitos no termo Feitiçaria.

 

NOTAS

 

(23:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.

(23:1) Como o Sétimo dos Elohim criativos, o “Espírito de Temor ao Senhor” [Isaías 11:2], ou Reverência, e o anjo, portanto, da esfera mais externa do Cosmo. O princípio chamado Satã é reconhecido na Bíblia sob dois aspectos opostos, o bem e o mal. Na presente obra ele é mencionado apenas sob esse último aspecto. Para uma exposição completa da importância e funções de Satã, e da distinção entre Satã e o “Diabo”, veja Clothed with the Sun (Vestida com o Sol), II, XV (O Segredo de Satã), e The Perfect Way (O Caminho Perfeito), III, 9-15.

(27:1) Os quatro rios do Éden são os quatro princípios constituintes do Cosmo, o Espírito ou Vontade, a Alma ou Substância, o Astral ou Magnético e Mental, e o Material ou Corpóreo e Físico. Eles têm sua correspondência nos quatro elementos. Ver The Perfect Way (O Caminho Perfeito), VI, 4-7, e seguintes.

 

 

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