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VII.
A Bíblia Acusa o
Sacerdotalismo
de Fazer Uso de
Feitiçaria
1. É ao Sacerdotalismo – tendo obtido domínio
sobre o homem através da corrupção da “mulher”, a intuição, e agindo como agente
dos poderes ocultos do mal – que a Bíblia, da forma em que é interpretada pelo
Novo Evangelho da Interpretação, responsabiliza pelo sistema
sacrificial o qual, exaltando um demônio para o lugar de Deus,
transformou a Terra em um cenário de assassínio e tortura, e a história humana
em um relato contínuo de agonia, desespero e loucura, em declarada propiciação
de uma deidade que adora sangue.
E é ao próprio Sacerdotalismo – com seus sistemas sociais criados e controlados
por ele – a quem na verdade se referem os termos Baal, Moloch, Sodoma e Gomorra, Egito, Assíria, Tiro, Níneve
e Babilônia. Os “reis” desses lugares simbolizam o elemento que domina o sistema
do homem quando, ao se tornar inteiramente materialista e preso à natureza dos
sentidos, e extremamente egoísta, ele renúncia aos princípios em favor do
interesse próprio, e não reconhece nenhum direito que não seja o do mais forte.
2. Esse elemento é o intelecto. No
estado não caído da Igreja – quando ligada a uma intuição pura – o intelecto é o
herdeiro de todas as coisas, erguendo o homem do pó da terra até o trono do
Altíssimo. Assim o intelecto cumpre sua função apropriada e faz jus a seu nome
apropriado, Lúcifer, o Portador da Luz,
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a brilhante estrela da
manhã, o arauto e anunciador do dia perfeito do Senhor Deus.
3. Mas no estado caído da Igreja – tendo
renunciado ao Espírito e tendo sido corrompida a intuição – o intelecto se torna
o “príncipe dos demônios” no homem, aquele que transforma a Terra em um inferno.
E seu banimento do céu de seu poder, com o advento da Humanidade íntegra, sempre
foi saudado por videntes e profetas com alegre antecipação, ao mesmo tempo em
que esses lhe dispensaram as mais severas condenações pela miséria que ele
trouxe à terra, tanto para o homem como para seus irmãos menos
desenvolvidos, os animais, responsabilizando-o por substituir as forças físicas
e seu abandono por outras obtidas por meio de feitiçaria.
4. A Bíblia é enfática ao afirmar que a
feitiçaria é usada como um baluarte pelo Sacerdotalismo. Somente em nossos dias
tornou-se possível tanto confirmar essa acusação como divulgar seu significado.
A explicação se dá da seguinte maneira: – o inferno e os demônios são
realidades, mas o mundo confundiu sua origem e natureza. Eles não são criações
de Deus, mas sim do homem.
O homem existe em duas modalidades, a encarnada e a desencarnada, e as condições
extremamente opostas da existência desencarnada são aquelas denotadas pelos
termos “celestial” e “infernal”.
O homem encarnado pode ter acesso a ambos e, de acordo com as tendências que ele
voluntariamente estimula, cai sob a influencia de um ou de outro. A primeira
condição sempre busca erguê-lo espiritualmente para sua esfera. A segunda
procura sempre arrastá-lo espiritualmente para baixo, até sua esfera.
A feitiçaria representa o cultivo sistemático de relações com a condição
“infernal”. Tendo sido cortadas as suas ligações com o celestial e com a vida
divina devido à sua própria perversidade persistente. E sabendo que estão
condenadas à extinção, essas almas perdidas – mas com vontades fortes – do
“infernal”, buscam se perpetuar por meio dos vapores ou “espíritos” do sangue
recém derramado. Esse é o seu favorito pabulum (repasto), uma vez que é o mais altamente
vitalizante, com o qual elas conseguem postergar por mais tempo a
extinção, que inevitavelmente ocorrerá, mais cedo ou mais tarde.
Essa é a razão pela qual elas se esforçam para promover na terra
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o estado de coisas mais favorável ao derramamento de sangue.
Dessa maneira, sabendo que conforme for a
concepção do homem acerca de Deus, assim também será sua concepção acerca de si
mesmo, bem como sua conduta de vida, sua mais potente arma consiste em incutir
no homem a crença em uma deidade que é apenas força e poder de vontade, e de
modo algum substância essencial e amor.
Tal deidade é, como eles mesmos, amante do sangue, e
deve ser propiciada por meio de sacrifícios sangrentos – sendo que o real
objetivo dessa crença é a perpetuação dessas próprias almas perdidas.
Tais são a origem e o motivo daquela mais poderosa de todas as armas infernais
que visam corromper a concepção do homem acerca de Deus: – a doutrina da
salvação pelo sacrifício substitutivo [vicário], teologicamente chamado de
“sacrifício vicário”.
O “sacrifício vicário” trata-se de uma perversão, como é todo o erro, de uma verdade. Essa verdade é em sua essência inexpugnável. Tal perversão é a raiz daquele sistema sacrificial, o qual, tendo a religião como seu tronco principal, estende suas ramificações para todos os domínios da atividade humana, em todos os lugares exigindo o sacrifício dos indivíduos e dos princípios em prol da tradição e do convencionalismo, e em nenhum lugar reconhecendo o que é verdadeiro e justo.
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