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(p. 18)
VI.
A Bíblia, do
Início ao Fim,
Denuncia o
Sacerdotalismo
1. (*) Além de suas enfáticas afirmações a favor de um
sentido intuicional
ou esotérico, e do dever de o buscarmos, a Escritura indica claramente a fonte e
a causa do insucesso em compreender esse sentido. Ao mesmo tempo, a Bíblia
denuncia veementemente aqueles que negam esse sentido ou o ocultam; e considera
em alta estima aqueles que o buscam e o compreendem.
E é precisamente esse sentido intuicional ou esotérico – que é o objeto do conflito entre
o sacerdote e o profeta – que é exposto ao longo de toda a Bíblia.
Assim, enquanto que o sacerdote é continuamente
acusado de ser o ministro dos sentidos e de ser aquele que degrada
materializando as coisas espirituais, o profeta é constantemente exaltado como o
ministro da intuição e o redentor da degeneração do materialismo. E isso tanto
de acordo com o sentido exotérico como com o sentido esotérico da Bíblia.
2. A perda da percepção
espiritual pela Igreja compeliu os profetas a falar abertamente. Em razão disso,
vemos os profetas denunciando abertamente o Sacerdotalismo como representado
pelos padres, por profanarem os altares puros de Deus ao derramarem sobre eles o
sangue
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dos animais que foram usados para simbolizar os dons e graças espirituais
que os homens deveriam cultivar e dedicar ao serviço de Deus. Os sacerdotes
materializaram esses símbolos, ao invés de cultivarem esses dons e graças.
E assim, os profetas declararam que não havia ordem ou aprovação divina para
sacrifícios de sangue; mas que, pelo contrário, os sacrifícios de Deus são
espirituais e consistem na retidão e na pureza de coração.
É o Sacerdotalismo que, ao longo de toda a Bíblia, é a “Jerusalém que assassina
os profetas”. As duas ordens – a dos sacerdotes e a dos profetas – são
simbolizadas por Caim e Abel, e encontram seus representantes culminantes em
Caifás e Cristo. Pois Caim
é sempre o sacerdote que, cultivando os “frutos do chão” da natureza dos
sentidos, mata o Abel que, como profeta, cultiva o “cordeiro” de um espírito
puro, e dessa maneira uma intuição pura – o cordeiro que no fim supera todo o
mal.
3. E não é outro senão o
Sacerdotalismo que, servindo como agente da “serpente”, causa
a ruína da Igreja
Edênica, ao degenerar a faculdade da percepção
espiritual representada pela “mulher”.
E até bem ao final da Bíblia, as mesmas influências são apresentadas como
constantemente tentando destruir essa faculdade no homem; faculdade que,
possuída em elevada medida, faz o profeta, e possuída em plenitude faz o Cristo,
fazendo com que Ele seja chamado o “filho da mulher”, e ela chamada de uma
“virgem”.
E do mesmo modo que o homem encontra sua redenção na restauração e exaltação da
“mulher”, o Sacerdotalismo encontrará sua destruição. E “aquela antiga
serpente”, sua tentadora através do Sacerdotalismo no Éden, será “aprisionada
por mil anos”.
O que, precisamente, essa faculdade é, será devidamente mostrado. Pois, o “Novo
Evangelho da Interpretação” (aqui representado pela União Cristã Esotérica),
sendo ele mesmo o produto dessa faculdade, está especialmente voltado a
explicá-la.
4. Restaurado pela chave
assim recuperada, as estórias de Dilúvio, das Cidades da Planície, do Êxodo, de
Ester, do Cativeiro e do Retorno, e muitas outras, revelam o mesmo significado.
Em seu sentido esotérico elas
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são parábolas que demonstram o declínio da Igreja em direção à escuridão
espiritual e o aprisionamento à materialidade através da corrupção, pelo
Sacerdotalismo, de sua faculdade de percepção espiritual, e sua restauração
através da recuperação dessa faculdade.
A densa escuridão que cobriu a Terra na crucificação de Cristo pelo
Sacerdotalismo representa o eclipse total dessa mesma faculdade; e Seu segundo
advento significa a sua plena restauração.
O céu nas nuvens do qual Ele virá é o céu do “reino interno” da restaurada
compreensão do homem.
Pois então, para a Igreja e para o mundo, como antes ocorreu dentro Dele mesmo,
o “véu do templo será rasgado ao meio de alto a baixo”. E o Evangelho do qual
Ele foi a
manifestação será sucedido pelo Evangelho da Interpretação. Tendo sido cumprida
e realizada a hora do “homem”, a hora da “mulher” terá
chegado. Pois ela é a intérprete.
5. Essa é apenas uma
breve seleção e resumo dos métodos pelos quais a Bíblia ilustra e intensifica o esforço perpétuo da
Igreja Celestial em estabelecer a gnosis de Cristo no mundo, e a
tentativa determinada, até o momento bem sucedida, do Sacerdotalismo de
impedi-la e de abafá-la.
6. Isso, no entanto, não
quer dizer que a coletânea de escritos que compõem a Bíblia seja toda ela
Escritura Sagrada e da Palavra de Deus. Pois ela inclui livros que são
sacerdotais, históricos e seculares, bem como livros que são proféticos,
místicos e espirituais.
Além disso, ela foi submetida a muita alteração,
interpolação e mutilação, ao ponto de torná-la mais como uma porção de argila,
na qual estão incrustados grãos, pepitas e veios de ouro, do que uma porção que
é toda de ouro.
Sendo, portanto, veículo material e impurezas, bem como metal puro da verdade
divina, a Bíblia requer um “espírito de conhecimento e compreensão” para
determinar quais porções dela realmente são verdade divina, bem como
para
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compreender essa própria verdade.
É em vista do dano causado pela adoração sem discernimento do livro e da letra
da Escritura que a Nova Interpretação inclui a Bíblia entre os ídolos que devem
ser lançados ao fogo a fim de que seja submetida à purificação indispensável
para a revelação da verdade nela contida. E quando se diz, como nestas páginas,
que “a Bíblia diz isso e aquilo”, se faz referência àquilo que na Bíblia, sendo
divino, a constitui como uma Bíblia, ou seja, como um livro da alma.
NOTA
(18:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.
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