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V.

 

Multiplicidade do Significado das Escrituras

 

            1. (*) A Bíblia contém, além dessas – como se encontrará mencionado na Concordância Bíblica de Cruden, sob as diversas formas da palavra “sabedoria”, “conhecimento” e “compreensão” – várias passagens nas quais, ao insistir na necessidade de compreender o sentido velado da Escritura, estão implícitas, ao mesmo tempo, a existência de tal sentido e a possibilidade de compreendê-lo.

 

            E a mesma autoridade enumera não menos que cinco maneiras diferentes em que a Escritura deve ser interpretada, chamando-as de Gramatical, Histórica ou Literal, Alegórica ou Figurativa, Analógica, e Tropológica ou Moral.

 

            Mesmo essa, contudo, não é uma lista exaustiva, uma vez que falha em incluir o sentido intuitivo, e aquele que é o mais interno e divino sentido especificamente visado, e que é o sentido que constitui a Gnose, ou corpo da doutrina da qual o Cristo é a concretização e a demonstração individual. É essa doutrina que – estando, em razão da sua segurança, enterrada profundamente nas Escrituras – é chamada por Jesus “a lei e os profetas”, “Abraão, Isaac e Jacó”, os “Mistérios do reino do céu”, o “conhecimento” Gnosis da qual o Sacerdotalismo

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removeu a chave para a compreensão, e assim por toda a Bíblia removeu a “lei” e a “palavra de Deus”.

 

            Essa é a doutrina conhecida desde os mais remotos tempos por todos os iniciados nos mistérios divinos – pois nem todos os mistérios são divinos – como a Gnose Hermética, e a qual os Rabinos da Cabala afirmam ter sido a primeira dada por Deus a Adão no Paraíso, e depois novamente dada a Moisés no Sinai.

 

            É essa doutrina, para cuja salvação do “Egito” de um Sacerdotalismo que se tornou totalmente corrupto, e para transplantá-la para condições favoráveis à sua preservação e realização, Moisés guiou seu povo para o deserto.

 

            Essa é a doutrina cuja restauração, por meio da mesma faculdade pela qual ela sempre foi, ou pode ser, compreendida, a Escritura declara repetidamente que ainda será o meio da regeneração do mundo, descrevendo a época e as condições de tal restauração como precisamente as condições que estão dadas agora.

 

            E essa é a doutrina cujo reconhecimento da nova enunciação em nossos próprios dias, e a promulgação da qual constitui a razão de ser e a missão da União Cristã Esotérica.

 

            2. Agora, quanto ao sentido interior e aos múltiplos significados da escritura sagrada, a Nova Interpretação discorre como segue:

 

            3. Todas as Escrituras que são a verdadeira Palavra de Deus têm uma dupla interpretação, a intelectual e a intuicional, a aparente e a velada.

            Pois nada pode vir de Deus a não ser aquilo que é frutífero.

            Tal como é a natureza de Deus, assim é a Palavra da boca de Deus.

            A letra sozinha é estéril; o espírito e a letra dão vida.

            Mas a Escritura que é a mais elevada é aquela que é mais fartamente frutífera e que trás significados em abundância.

            Pois Deus é capaz de dizer muitas coisas em uma, como o ovário saudável contém muitas sementes em seu cálice.

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            Portanto, há nas Escrituras da Palavra de Deus certos escritos que, como árvores que dão muitos frutos, ofertam mais abundantemente do que outros no mesmo jardim sagrado.

            E um dos mais elevados é a história da criação do céu e da terra.

            Pois nele está contida em ordem uma genealogia, a qual tem quatro ramos, como um rio dividido em quatro braços, um escrito extraordinariamente rico.

            E a primeira dessas criações é a dos Deuses.

            A segunda é a do reino do céu.

            A terceira é aquela do mundo visível.

            E a quarta é aquela da Igreja de Cristo. (1)

 

NOTAS

 

(16:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.

(18:1) Clothed with the Sun (Vestida com o Sol), II, 3.

 

 

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