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Tradução: Daniel M. Alves –
Revisão e edição:
Arnaldo Sisson Filho
[Embora o texto em inglês seja de domínio público, a tradução não é. Esse
arquivo pode ser usado para qualquer propósito não comercial, desde que essa
notificação de propriedade seja deixada intacta.]
CAPÍTULO VI
A Memória da Alma
1. (*) HÁ UM CAMINHO para a descoberta da alma e ele se encontra na utilização e cultivo daquela faculdade que capacita uma pessoa a perceber e transmitir e a outra pessoa reconhecer e assimilar a verdade noumênica (**) que subjaz aos fenômenos.
A existência desse poder já foi implicitamente mostrada na definição do modo de desenvolvimento da alma. Esse poder é a faculdade da Intuição.
Na mesma medida em que a alma, desde o momento de sua geração é o real indivíduo substancial (para o qual todas as formas ou corpos são apenas veículos temporários de expressão ou canais de experiência sucessivamente assumidos, animados e depois abandonados), reside na alma, como uma memória inerradicável e sempre cumulativa, nascida e refinada através da real experiência das coisas, a compreensão da idéia essencial que anima o fato conhecido através dos sentidos.
O homem pode conhecer e dominar somente aquilo do que ele compreende a causa e natureza, bem como a aparência. A mente, funcionando como intelecto, apreende o fenomênico através dos sentidos. Mas essa utilização [da mente] só se completa quando a mente, funcionando como intuição, compreende o noumênico através da alma. (1)
Devidamente equilibrados e harmonizados, esses dois modos da mente constituem a Razão ou Entendimento. E é para esses, como opostos à autoridade e à tradição, que o apelo do “Evangelho
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da Interpretação” – representando a Gnose ou Ciência Divina da Mente – é especialmente dirigido.
“Assim Disse o Senhor”
2. Deve-se notar que a Intuição – o conhecimento nascido dentro da alma em virtude de seu estoque acumulado de experiência adquirido através de repetidas encarnações – é, sob certas circunstâncias, suplementada por uma irradiação do Espírito Santo, quando a percepção se torna ampliada até a universalidade, e a Divina Luz da Sabedoria, ardendo dentro da alma, se expressa em tons de Revelação.
A Intuição ou Entendimento, mesmo alcançando a revelação suprema, é sem dúvida a prerrogativa de todo ser humano equilibrado e completo.
Contudo, a intuição só pode operar no homem externo, ou personalidade física e transitória, quando o homem externo tiver sido tão purificado, em pensamentos e ações, a ponto de estar em harmonia com o homem interior, ou ser espiritual e permanente, e quando a vontade do indivíduo se fixar firme e constantemente em direção ao altíssimo. E por esses fatores a intuição é uma faculdade que existe mais de forma latente do que ativa na maioria dos homens e é bem pouco reconhecida por eles.
Fases de sua operação têm sido designadas, mais do que definidas, como “instinto” – especialmente observáveis em um nível elementar nos animais, nos quais a faculdade caracteristicamente humana do intelecto está pouco desenvolvida – e como “a voz da consciência”, a qual inerentemente impele o homem a escolher o que trará benefício ao invés do que irá prejudicar a si e a outros, através da lembrança dos resultados de escolhas passadas, sábias e não sábias.
3. Ficará claro que a dualidade – e trindade – que existe na Substância Original encontra correspondência nesse ponto do mesmo modo em que encontra através de todas as diferenciações e modos da Substância. Pois o intelecto e a intuição são, respectivamente, de significado masculino e feminino, sendo ativados pela mente do mesmo modo que os atributos centrífugo e centrípeto da força – atributos que encontram suas expressões mais exteriores nos dois sexos da humanidade e sua sublimação na Vontade e no Amor,
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na Paternidade e na Maternidade, na Vida e na Substância da Deidade.
NOTAS
(19:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.
(19:**) N.T.: Noumênico – referente à realidade espiritual, que é essencial e permanente, em oposição ao fenomênico, que é material, em constante mudança e perecível.
(19:1) Quando o intelecto predomina a ponto de praticamente excluir a intuição, se configura uma era masculina de força, poder e materialidade no ser humano, ou no mundo. Uma era desse tipo agora está chegando ao fim na Europa [essa obra foi editada em 1915, durante a Primeira Grande Guerra], em meio a uma convulsão de destrutiva força física e de ferocidade intelectual. Nisso reside a verdadeira significância do “movimento feminino”, para aqueles capazes de olhar o lado interno das coisas.
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