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Tradução: Daniel M. Alves –
Revisão e edição:
Arnaldo Sisson Filho
[Embora o texto em inglês seja de domínio público, a tradução não é. Esse arquivo pode ser usado para qualquer propósito não comercial, desde que essa notificação de propriedade seja deixada intacta.]

 

 

 

CAPÍTULO IV

 

Criação e Redenção

 

            1. (*) O PROCESSO por meio do qual o Espírito – que é a Energia ou Vontade inerente à Substância – opera para produzir aquela condição molecular ou material da Substância conhecida como matéria consiste de um movimento rotatório.

 

            Por meio de uma impulsão de força centrífuga e centrípeta, um movimento vertical e espiralado, o Espírito diferencia a Substância, primeiro, no que pode ser chamado o ser subjetivo ou essência arquetípica do éter, subseqüentemente, a diferencia no éter universal do espaço – aquele fluido astral de vários graus de densidade dos quais a ciência agora apreende apenas um ou dois dos mais densos – e, finalmente, a diferencia na matéria; sendo esse último estado aquele em que o movimento culmina em tal intensidade a ponto de produzir o que parece para nós como a condição de rigidez e solidez.

 

            A matéria é, portanto, uma condição da Substância e, desse modo, é de uma natureza inerentemente espiritual. Ela aparece temporariamente como matéria ou existência fenomênica unicamente em razão de uma atividade infinita do Espírito e, quer como uma molécula quer como um planeta, ela deve, no retorno do Espírito a um estado de repouso, recolher-se ao interior ou ser reabsorvida na Substância.

 

            2. Agora, embora a matéria seja um modo ou manifestação do Espírito, ela é isso somente à custa de certo encobrimento ou limitação do Espírito, devido à densidade do meio e a partir daí surgem condições que nós, observando-as apenas do ponto de vista externo, definimos

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como o mal. No entanto, a criação não pode ocorrer, exceto por meio de tais limitações do Ser de Deus – a saber, a projeção desse Ser em níveis e graus que são relativos para Ele enquanto Ser. Deus deve ser contrastado com aquilo que relativamente é inferior a Si mesmo, de outro modo não haveria existência.

 

            De modo que, embora a Idéia essencial subjacente a todas as coisas seja eternamente boa – pois ela é Deus – uma particular e temporária esfera ou transformação daquela Idéia em ação e corporificação pode exigir um estado de coisas relativamente mau. O mal vem da materialização da Substância Divina, e a limitação deve originar-se como uma semente junto com a Vontade primordial de criar.

 

            3. A matéria é a meta daquele aspecto do Pensamento de Deus que dá ensejo à Criação, mas ela é também o ponto inicial ou ponto de inflexão para a operação daquele outro aspecto desse mesmo Pensamento Divino que completa a si mesmo na Redenção.

 

            Desse modo a Criação é a formulação ou manifestação em última instância daquilo que sempre é subjetivamente – a Substância de Deus; enquanto que a Redenção é o retorno a um estado subjetivo dessa mesma Substância, porém com todos os seus inerentes atributos de divindade perfeitamente desenvolvidos e eternizados através da completa individuação.

 

            4. Qual então é o propósito da criação, qual a resposta para o enigma do universo e do homem? A solução vai do universal para o particular, e inclui a aplicação daquela doutrina fundamental da correspondência, que é a chave mestra de muitos mistérios: –

 

            5. “Tal como é acima é embaixo; assim como é no externo, também é no interno; tal como é o pequeno, também é o grande; existe apenas uma lei; e Aquele que obra é Um. Nada é pequeno, nada é grande, na Divina Economia.”

 

“Toda a Vida é uma Chama”

 

            6. O objetivo da criação é produzir e aperfeiçoar a Alma como uma entidade ou elemento delimitador para o que de outro modo permaneceria como Espírito abstrato. Deus busca um meio no qual uma chama saída do

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fogo de Sua Divindade possa queimar centralizada e concentradamente, e encontra esse veículo em uma Alma purificada e aperfeiçoada. Pois o imenso ciclo da Vida – um ciclo cujos ecos alcançam até mesmo o dia e a noite de nosso sistema solar e a vida e a morte, a expiração e inalação de nosso sistema corpóreo – com seus dois vastos arcos, o da Criação e o da Redenção, ou expansão e recolhimento, não termina em estado idêntico ao que começou, embora o Espírito seja seu início e seu fim; de outro modo esse ciclo teria pouco sentido.

 

            Porém no processo a Alma é gerada como uma determinada nova condição da Substância, na qual o Espírito pode ser individualmente colocado em um templo; pois a Alma é ao mesmo tempo a lente, o vidro que concentrando os raios promove a combustão, e a luz acesa na Substância do Sol Divino.

 

            E ainda que nada possa ser adicionado ou subtraído de Deus, nós podemos conceber que durante o “Dia” da manifestação alguma parte de Sua natureza é concretizada e individualizada por meio da alma, enquanto que durante a “Noite” do recolhimento a idéia da maior individuação assim engendrada adormece Nele em estado potencial.

 

            7. Através de um ato primordial e supremo de auto-sacrifício ou limitação por parte da Deidade – “o Cordeiro (ou Espírito de Deus) é sacrificado pela (e para a) criação do mundo” – o Universo tem o seu nascimento; pois ele é emanado a fim de que ao longo dos ciclos eônicos de desenvolvimento possam ser engendradas muitas Almas ou Individualidades, que ao final retornarão em união consciente com aquela bem-aventurança que é de fato o próprio princípio de vida e essência da Deidade. Assim toda a existência tem o propósito de trazer muitos Filhos a Deus, “para que Sua alegria seja plena.”

 

NOTA

 

(11:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.

 

 

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