Índice Geral das Seções   Índice da Seção Atual   Índice da Obra   Anterior: XX - Sobre a Grande Pirâmide, e as Iniciações Ali Realizadas   Seguinte: XXII - Sobre o “Trabalho do Poder”

 

 

Tradução: Daniel M. Alves
Revisão e edição: Arnaldo Sisson Filho

[Embora o texto em inglês seja de domínio público, a tradução não é. Esse arquivo pode ser usado para qualquer propósito não comercial, desde que essa notificação de propriedade seja deixada intacta.]

 

 

(p. 57)

CAPÍTULO XXI

 

SOBRE O “HOMEM DE PODER” (1)

 

1. (*) TENHO dito que tudo é quádruplo, e assim como é o planeta também é o homem.

            O homem perfeito possui um corpo externo quádruplo: gasoso, mineral, vegetal e animal. Um corpo sideral quádruplo: magnético, ódico, simpático e elemental.

(p.58)

Uma alma quádrupla, sendo: elemental, instintiva, vital e racional – possuindo elementos de todos os níveis por que ele passou.

            E um Espírito trino, a saber: de desejo, volitivo e obediente – porque não há nada de externo no Espírito.

            Não há nada no Universo a não ser o Homem; e o Homem perfeito é “Cristo Jesus”. (*)

            2. “Mercúrio” fecundado pelo “enxofre” torna-se o mestre e regenerador do “sal”. É o azoto, (**) ou magnésia universal (dos Alquimistas), o grande agente mágico, a luz da luz, fecundada pela força que anima [vivificante], ou energia intelectual, que é o enxofre.

            Quanto ao sal, é matéria simples. Tudo o que é matéria contém sal; e todo sal pode ser convertido em ouro puro pela ação combinada do enxofre e do mercúrio.

            Esses algumas vezes agem tão rapidamente que a transmutação pode ser feita em uma hora, ou em um instante, quase sem esforço ou custo. Outras vezes, devido a condições contrárias do meio atmosférico, a operação pode necessitar de dias, meses ou anos.

            O sal é fixo; o mercúrio é volátil. A fixação do volátil é a síntese; a volatilização do fixo é a análise.

            Aplicando-se ao fixo o mercúrio sulfuroso – ou fluido astral tornado poderoso pela secreta operação da alma – o domínio sobre a natureza é obtido.

            Os dois termos do processo são materialização e transmutação. Esses dois termos são aqueles do “Grande Trabalho” – a libertação do espírito [dos liames] da matéria.

3. Milagres são efeitos naturais de causas excepcionais.

O homem que chegou a nada desejar e nada temer é mestre de todas as coisas.

4. O Iniciado do grau mais elevado, aquele que tem o poder de comandar os espíritos elementais, e por meio disso acalmar a tempestade e aquietar as ondas, pode, através do mesmo recurso, curar os distúrbios e regenerar as funções do corpo. E isso ele faz pelo exercício de sua vontade, que coloca em movimento o fluido magnético.

5. Tal pessoa, um Adepto ou Hierarca da ciência magnética, é, necessariamente, uma pessoa de muitas encarnações. E é, principalmente, no Oriente que eles podem ser encontrados, pois é lá que as almas mais antigas costumam se congregar.

Foi no Oriente que a ciência humana primeiro surgiu; e o solo e o fluido astral de lá estão carregados de poder, como uma enorme bateria com muitas células [voltaicas].

Assim, o Hierarca do Oriente tanto é ele mesmo uma alma antiga, como tem o apoio magnético de uma corrente de almas antigas, e a terra sob seus pés

(p. 59)

e o meio ao seu redor estão carregados com força elétrica em um grau que não pode ser encontrado em outros lugares.

6. Agora, o corpo ódico ou sideral é o verdadeiro corpo do homem. O corpo fenomenal é secundário.

O corpo ódico não tem necessariamente a mesma forma ou aparência do corpo externo, mas ele é da natureza da alma.

A criação do homem à imagem de Deus “antes da transgressão” é o retrato do homem tendo poder, isto é, tendo um corpo ódico no qual os elementos não estavam fixos – um corpo tal como aquele do “Cristo ressuscitado”.

O que eu disse sobre a volatilização do sal ajudará a compreender isso. Mas, quando o “pecado da idolatria” foi cometido, então o homem deixou de ter poder sobre seu próprio corpo, que dessa forma tornou-se uma “estátua de sal”, fixo e material [Gênesis 19: 24-26]. Ele estava “nu”.

7. O homem, assim referido, obteve poder sobre seu corpo pela evolução desde o ser rudimentar e, finalmente, tornando-se polarizado, recebeu a Chama Divina da Deidade e, por meio disso, o poder sobre o “sal”.

Mas, por causa do pervertido desejo voltado ao exterior ele despolarizou e, dessa maneira, fixou o volátil. Então ele percebeu que estava “nu” e, assim, perdeu o “Paraíso”.

8. O Paraíso pode ser reconquistado? Sim, por meio da Cruz e Ressurreição de “Cristo”. Pois, tal como em Adão todos morrem, assim também em “Cristo” todos tornarão a viver.

E na medida em que o mundano morre, o celestial vive.

O corpo pode ser transmutado em seu molde original, o corpo magnético. Esse é o trabalho do Adepto.

O corpo magnético pode ser abandonado ao fluido ódico, e a alma livra-se desse corpo. Esse é o trabalho da evolução post mortem.

Mas, transmutar em espírito o corpo fenomenal, o corpo magnético e a alma – esse é trabalho de “Cristo”. “Tenho poder”, disse Jesus, “sobre meu corpo, para entregá-lo e para retomá-lo.” [João 10:17-18]

9. Você me perguntou: “Se o corpo ódico ou sideral é o criador do corpo físico, como pode esse diferir daquele no que diz respeito à forma? Como pode um homem ser exteriormente humano e, na realidade, ser um lobo, uma lebre ou um cão?

10. Quando você se tornar um Adepto saberá que tal fato não implica qualquer contradição.

As transições do corpo sideral não são súbitas. Ele vai se tornando gradualmente, e não experimenta mudanças cataclísmicas.

Ele já é parcialmente humano antes que deixe de usar a forma de um homem rudimentar – isto é, de um animal.

Você viu isso em visões, quando observou a forma humana em

(p. 60)

criaturas sob tortura no laboratório. (1)

            E ele [o corpo sideral] é ainda parcialmente rudimentar quando toma a forma humana.

A indulgência em suas mais baixas inclinações, pode fortalecê-lo em sua antiga semelhança, e acentuar suas propensões anteriores.

Por outro lado, a aspiração ao divino acelerará a mudança, e fará com que perca completamente todos os seus atributos inferiores.

Aquilo que nasce da carne é feito à imagem da carne; mas aquele que vem do alto, é do alto. O ventre só pode gerar o que é de sua própria espécie, à semelhança de seus progenitores; e assim que o humano é alcançado, mesmo no grau mais baixo, a alma tem o poder de vestir o corpo da condição humana.

Portanto, o corpo ódico sempre possui algum atributo de humanidade. Porém, pode perdê-lo por meio do pecado; e, nesse caso, ele retorna, numa nova encarnação, à forma de animal. Desses retornos à forma inferior, alguns são puramente penitenciais, mas a maioria é compensatória.

O Adepto pode ver o humano no animal, e pode dizer se a alma dentro dele é uma alma em ascensão ou descenso. Ele também pode ver a alma em um homem; e para ele todos os homens não possuem a mesma forma ou aparência.

Se seus olhos estivessem abertos, você ficaria chocada com o número de animais que se encontram pelas ruas, e com a escassez de homens. A parábola da Cidade Encantada, nas fábulas orientais, descreve esse mistério.

 

NOTAS

 

(57:*) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.

(57:1) Londres, dezembro de 1880. Falado em transe, mas não como no capítulo precedente, onde ela falava na primeira pessoa, e sim sob um ditado que era ouvido internamente; assim como nas três falas que seguem. Citado em Life of Anna Kingsford – Vol. I, pp. 404-408. E.M.

(58:*) Grifo do compilador.

(58:**) N.T.: Mercúrio alquímico.

(59:1) Ver Dreams and Dream-Stories, nº. XIV, “The Laboratory Under-Ground”. Ver também Life of Anna Kingsford, Vol. I, p. 326.

 

 

Índice Geral das Seções   Índice da Seção Atual   Índice da Obra   Anterior: XX - Sobre a Grande Pirâmide, e as Iniciações Ali Realizadas   Seguinte: XXII - Sobre o “Trabalho do Poder”