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[Tradução: Arnaldo Sisson Filho. Embora o texto em inglês seja de domínio público, a tradução não é. Esse arquivo pode ser usado para qualquer propósito não comercial, desde que essa notificação de propriedade seja deixada intacta.]

 

 

(p. 48)

Nº. XIX

 

Sobre a Origem do Mal, e a Árvore como o Modelo da Criação

 

Parte 1 (1)

 

        “Falo da Árvore e de seu significado. A esse respeito os hindus entendem mais do que vocês, pois eles representam seus deuses com muitos braços. Isso é assim porque eles reconhecem o fato que o modelo de toda existência é uma Árvore, e que o símbolo universal de Deus é aquele do reino vegetal. É por essa razão que a Árvore foi plantada no meio do jardim, tendo em vista que

(p. 53)

ela era e é o modelo de toda a existência, o centro de onde irradia a totalidade da criação. Que o insight dos hindus os instrua nessa matéria.

 

        “Vocês também perguntaram sobre a origem do Mal. Esse é um grande assunto, e nós o teríamos mantido por mais tempo distante de vocês, contudo nos parece agora que vocês estão necessitando disso. Entendam, então, que o mal é o resultado da criação. Pois a criação é a projeção do espírito dentro da matéria; e com essa projeção veio o primeiro germe do mal. Gostaríamos que vocês soubessem que não há tal coisa como um mal puramente espiritual, mas que o mal é o resultado da materialização do espírito. Se examinarem cuidadosamente tudo o que dissemos a vocês sobre as várias formas de mal, verão que cada uma delas é o resultado das limitações da matéria. A falsidade é a limitação da faculdade de percepção; o egoísmo é o resultado da limitação do poder de perceber que todo o universo é apenas o Ser maior; a assim todo o demais. É, então, verdade que Deus criou o mal; mas ainda assim é verdade que Deus é Espírito, e sendo Espírito, é incapaz do mal. O mal é então, puramente e tão somente, o resultado da materialização de Deus. Isso é um grande mistério. Nós podemos apenas indicá-lo essa noite.”

 

Parte 2

 

        Eu vejo um lago, vasto e profundo e brilhante. Não estou certa se é um lago ou um mar. Ele não tem bordas que eu possa perceber. Suas águas são tão claras que eu poderia ver as pedras brilhando no fundo, se ele tivesse um. Ele está encoberto por um manto de luz nebulosa, igualmente difusa por todas as partes; e agora conforme eu olho, a luz se tornou concentrada em flores, e entre elas há espaço de escuridão causada pela retirada da luz para dentro das flores. Era um vasto jardim flutuante de flores, e no meio do jardim há uma Árvore. A árvore espalha os seus braços por todos os lugares. O jardim é a criação, e a árvore é Deus. E a árvore parece de alguma maneira ser as flores e as flores pertencem à árvore. Não posso discernir o material da árvore; ele me escapa conforme eu olho. Não é matéria; é a substância da matéria, a Divindade subjacente a ela. Deus não é luz, mas aquilo do qual a própria luz é a manifestação. Deus quis que ela existisse. A luz é o resultado da vontade de Deus. Deus disse, “Faça-se a luz”; e ela foi feita. Matéria é a intensificação da Ideia. (2) Todas as coisas são feitas do pensamento de Deus.

 

(p. 54)

        Deus é Espírito, e a substância das coisas. Vejo duas forças sempre em operação. Elas são a centrífuga e a centrípeta. E elas são uma só; sim, uma e a mesma, pois, vejo a força retornando a Deus. A criação está sempre sendo projetada de Deus como a partir de um centro luminoso; ela também está sempre sendo atraída de volta. Algumas partes se recusam a retornar; elas vão para o espaço exterior; elas se perdem. Deixe-me ver: – Poderia ser que elas passam além da esfera da atração Divina? Sim; vejo que isso é assim, e oh! Elas estão perdidas. O Espírito se retirou; é como se ele fosse sugado para fora delas, e elas se perdem na escuridão e aniquilam a si mesmas. As demais, as quais se aproximam de Deus, desenvolvem o Espírito nelas, tornando-se mais e mais semelhantes a Deus. Deus é mais pleno para elas. Elas continuam a existir. Elas retornam, mas não se tornam perdidas em Deus.

 

        Eu pensei que eu estava descrevendo orbes no espaço, projetadas desde um sol central ao redor do qual eles circulam; porém, olhando mais de perto, eu os vejo como indivíduos. Eles se tornaram pessoas. Deve ser que o método da criação seja o mesmo para todos.

 

        Deus subsistiu antes da criação; havia um tempo quando Deus não criou; era o Sabbath do descanso de Deus. Tais Sabbaths são recorrentes – quando não há nenhum universo material. Isso é assim quando a mente Divina cessa de pensar. Para Deus, pensar é criar. A própria matéria é um resultado do pensamento Divino; ela foi inicialmente produzida pela intensificação da Ideia. Parece-me que sua primeira forma era como a água – fluídica. O Espírito é a própria Divindade. Deus é dual. Vejo ao olhar mais de perto, que através dessa dualidade Deus produz a criação. O mal é causado pela criação, ou a projeção do espírito na matéria; isto é, é espírito o qual, ao ser projetado suficientemente longe do centro divino, (3) torna-se matéria. A percepção é una; os sentidos são modos especializados de percepção. Deus é percepção em si mesma. Deus é percipiência universal. Deus é tanto aquilo que vê quanto aquilo que é visto. Se nós pudéssemos ver tudo, ouvir tudo, tocar tudo, e assim por diante, não haveria nenhum mal, pois o mal vem da limitação da percepção. Tal limitação era necessária, se Deus fosse produzir qualquer outra coisa além de Deus. Qualquer outro que não seja Deus deve ser menos do que Deus. Sem o mal, portanto, Deus teria permanecido só. Todas as coisas são Deus, de acordo com a medida do Espírito nelas. E agora eu vejo que a mais próxima de todas, a Deus, é uma mulher. (4)

 

Notas

 

(1) Paris, 21 de julho, 1877. Essa parte foi escrita pela própria vidente enquanto em transe. A Parte 2 foi transmitida na mesma condição imediatamente após a primeira. E.M. Mencionado em Life of Anna Kingsford (Vida de Anna Kingsford) Vol. I, pp. 181-182.

(2) Compare, No. XXXI.

(3) O centro, isto é, da Divina operação, não do Ser Divino. E.M.

(4) Como modelo do aspecto feminino, ou amor, da Natureza Divina. E.M.

 

 

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