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• BLAVATSKY, Helena Petrovna. O Futuro da Sociedade Teosófica.  In The Key to Theosophy, pp. 238-242. TPH, Madras, 1987, 242 pp. Texto completo, em português, nesse site.

           Informação: Este importante texto nos ensina a respeito da decisiva influência dos líderes no desenvolvimento de qualquer trabalho espiritual, e as principais causas de seu fracasso.

            Leia abaixo o texto completo em Html: 

O FUTURO DA SOCIEDADE TEOSÓFICA

Pergunta: – Diga, o que espera para a Teosofia no futuro?

Resposta: – Se fala da TEOSOFIA, respondo que, assim como ela existiu eternamente ao longo dos ciclos infindáveis do passado, assim sempre existirá ao longo dos ciclos infindáveis do futuro, porque Teosofia é sinônimo de Verdade Eterna. 

Pergunta: – Perdoe. Estava me referindo à Sociedade Teosófica.

Resposta: – Seu futuro dependerá quase inteiramente do grau de inegoísmo, seriedade, devoção, e por último, mas não menos importante, do quanto de conhecimento e sabedoria que possuírem os membros sobre os quais recairá a responsabilidade de continuar o trabalho, e dirigir a Sociedade depois da morte dos fundadores.

Pergunta: – Posso ver claramente a importância do serem inegoístas e dedicados, mas não consigo compreender como o seu conhecimento pode ser um fator tão vital nessa questão como as outras qualidades? Seguramente a literatura que já existe – à qual adições constantes ainda estão sendo feitas – deveria ser suficiente.

Resposta: – Não me referia ao conhecimento técnico da doutrina esotérica, embora isso seja muito importante; mas sim à grande necessidade que nossos sucessores na direção da Sociedade terão de julgamento claro e sem preconceitos. Todas as tentativas como a da Sociedade Teosófica até agora terminaram em fracasso, porque, cedo ou tarde, degeneraram em uma seita, estabeleceram dogmas próprios rígidos e fechados, e logo foram perdendo, pouco a pouco, através de graus imperceptíveis, aquela vitalidade que apenas a verdade viva pode dar.

            Você deve lembrar que todos os nossos membros nasceram e foram criados em algum credo ou religião; que todos pertencem, em maior ou menor grau, tanto física quanto mentalmente à sua geração, e por conseguinte o seu julgamento mais que provavelmente poderá ser deformado e inconscientemente influenciado por algumas ou todas essas influências. Se, portanto, eles não puderem livrar-se de tais preconceitos inerentes, ou pelo menos serem ensinados para os reconhecerem imediatamente e assim evitar ser desencaminhados por eles, o único resultado possível é que a Sociedade ficará à deriva e será arrastada para algum banco de areia mental e permanecerá ali como um casco encalhado para apodrecer e morrer.

Pergunta: – E se esse perigo puder ser evitado?

Resposta: – Então, a Sociedade chegará e viverá ao longo de todo o Século XX. Gradualmente ela agirá como um fermento e penetrará a grande massa de pessoas pensantes e inteligentes com suas ideias amplas e nobres acerca de religião, dever, e filantropia. De forma lenta, mas firme e segura, despedaçará as cadeias de ferro dos credos e dos dogmas, dos preconceitos sociais e de castas; demolirá as antipatias e barreiras raciais e nacionais, e abrirá o caminho para a realização prática da Fraternidade de todos os homens. Por meio de seus ensinamentos, por meio da filosofia que tornou acessível e compreensível à mente moderna, o Ocidente aprenderá a compreender e apreciar o Oriente em seu verdadeiro valor.

            Mais ainda, o desenvolvimento dos poderes e faculdades psíquicos, cujos sintomas iniciais já estão visíveis na América, prosseguirá saudável e normalmente. A humanidade será salva dos terríveis perigos – tanto mentais quanto físicos – que são inevitáveis quando aquele desenvolvimento ocorre, como ameaça fazer, em um ambiente de egoísmo e de todas as paixões maléficas. O crescimento mental e psíquico do homem prosseguirá em harmonia com seu aperfeiçoamento moral, enquanto seu meio ambiente material refletirá a paz e a benevolência fraternal que reinará em sua mente, em vez da discórdia e das disputas que estão em todos os lugares nos dias de hoje.

Pergunta: – Um quadro verdadeiramente encantador! Mas diga, realmente espera que tudo isso seja realizado em apenas um século?

Resposta: – Dificilmente. Mas devo dizer que durante o último quarto de cada século aqueles “Mestres” dos quais falei, fazem uma tentativa de ajudar o progresso espiritual da humanidade de um modo específico e definido. Próximo ao final de cada século perceberá que ocorreu, invariavelmente, uma efusão e uma revolução espirituais – podendo chamá-la de misticismo se preferir. Uma ou mais pessoas apareceram no mundo como seus agentes, e uma quantidade maior ou menor de conhecimento e ensinamento oculto foi trazida. Caso se interesse, pode investigar e localizar esses movimentos passados, século por século, até onde permitam nossos registros históricos detalhados.

Pergunta: – Mas como isso se relaciona ao futuro da Sociedade Teosófica?

Resposta: – Se a tentativa presente – na forma de nossa Sociedade – tiver melhor sorte do que seus antecessores, então ela estará em existência como um corpo organizado, vivo e saudável, quando chegar o momento para o esforço do final do século XX. A condição geral das mentes e corações dos homens terá sido aperfeiçoada e purificada pela difusão de seus ensinamentos e, como já referi antes, seus preconceitos e suas ilusões dogmáticas terão sido removidos, pelo menos até certo ponto.

            E não apenas isso; mas além de uma literatura ampla e acessível, pronta para estar nas mãos dos homens, o próximo impulso encontrará um grupo numeroso e unido de pessoas prontas para receber o novo portador da tocha da Verdade. Ele encontrará as mentes dos homens preparadas para a sua mensagem; uma linguagem já pronta com a qual revestirá as novas verdades que trouxer, e uma organização aguardando a sua chegada, a qual removerá de seu caminho as dificuldades e os obstáculos meramente mecânicos e materiais. Imagine o quanto alguém poderia realizar ao lhe ser oferecida tal oportunidade. Compare isso com o que a Sociedade Teosófica já conseguiu nos últimos quatorze anos, sem nenhuma dessas vantagens, e rodeada por uma grande quantidade de obstáculos, que não impediriam o novo líder. Considere tudo isso, e então me fale se estou muito otimista quando afirmo que, se a Sociedade Teosófica sobreviver, e viver fiel à sua missão, e a seus impulsos originais pelos próximos cem anos – diga-me, se estou indo loge demais ao afirmar que a terra será um paraíso no século XXI, em comparação com o que é agora!