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VII.

 

A Bíblia Afirma que o Sacerdotalismo
É de Origem Diabólica

 

 

            Mesmo que fosse um fato que a feitiçaria tivesse deixado de ser praticada pelos sacerdotes, o Sacerdotalismo ainda assim representaria a sobrevivência do sistema que foi originado e desenvolvido por meio de feitiçaria.

 

            As seguintes expressões estão entre aquelas com as quais as Escrituras se referem à prática e às influências representadas pela feitiçaria. Estas expressões até o momento têm confundido os teólogos:

            “Príncipe das potestades do ar” [Efésios 2:2];

            “Principados e Autoridades”; [Efésios 6:12]

            “Regentes das trevas desse mundo” [Efésios 6:12];

            “perversidade espiritual em lugares elevados” [Efésios 6:12];

            “sinagoga de Satã” [Apocalipse 3:9]; (1)

            “aquela velha serpente que enganou toda a Terra” [Apocalipse 12:9];

            “aquela grande cidade, Babilônia, por meio de cuja feitiçaria todas as nações foram enganadas” [Apocalipse 18:23];

            “a besta que surge da Terra [Apocalipse 13:11], fazendo grandes milagres, e enganando àqueles que nela habitam por meio de milagres que ele (o Sacerdotalismo) teve o poder de realizar [Apocalipse 19:20] diante da besta que surgiu do mar” [Apocalipse 13:1].

 

            Essas expressões se referem à consciência espiritual deturpada da Igreja, a qual, após receber uma “ferida mortal” [Apocalipse 13:3 e 13:12] das mãos de Cristo, recuperou-se para operar tais horrores sobre a Terra que o vidente, vendo-os com antecipação, “chorou, pois não achou nenhum homem digno o suficiente para abrir e ler o livro” [Apocalipse 5:4] que expunha de antemão todo o mistério, cuja compreensão teria salvado o mundo da terrível história que foi a do Cristianismo sob o domínio do sacerdotalismo – pois essa compreensão abriria os olhos dos homens para sua verdadeira fonte e caráter.

 

            É à origem diabólica do Sacerdotalismo que Jesus se refere quando, se dirigindo à toda ordem daqueles que buscaram matá-lo, e que por fim o mataram, ele os chama de “geração de víboras” – se referindo à descendência da Serpente do Éden – e diz: “Sois do diabo, que é vosso pai” [João 8:44], e adiciona, ao identificar o sacerdote com o princípio representado por Caim, que “ele foi um mentiroso e um assassino desde o princípio” [João 8:44].

 

O mesmo vale para as seguintes expressões:

            “aquele perverso”;

            “o homem do pecado”;

            “o mistério da iniqüidade”; e

            “filho da perdição”;

            “aquele que exaltou a si mesmo acima de tudo, e que se opõe e se levanta contra tudo que é chamado de Deus, ou é objeto de adoração, de modo que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus; [2 Tessalonicenses 2:4]”

            “o mistério da impiedade já está agindo, e agirá, até que seja afastado aquele que o retém” [2 Tessalonicenses 2:7]; e

            “aquele a quem o Senhor destruirá com o sopro [espírito] de Sua boca, e o suprimirá pela manifestação de Sua vinda” [2 Tessalonicenses 2:7]. 

 

            Essas são expressões que – consideradas em conexão com a declaração de que tal vinda se dará nas “nuvens do céu, com poder e grande glória” [Daniel 7:13] – implicam no advento de um novo “Evangelho da Interpretação”, que será tão potente na sua lógica, e tão luminoso na sua exposição que conquistará a plena convicção das mentes dos homens, resultando no completo desbaratamento do Sacerdotalismo e seus apoiadores. Pois, as “nuvens do céu” representam a compreensão restaurada do homem a respeito das coisas espirituais, que se seguirá à restauração da “mulher” – a intuição.

 

            Mas, na medida em que são as situações extremas do homem que se constituem na oportunidade divina – pois enquanto ele se considera como estando sadio ele não buscará nenhum médico – foi necessário primeiro que as “duas bestas”, o Sacerdotalismo e sua aliada, a Feitiçaria, tivessem feito tudo o que podiam de pior na criação de uma humanidade que, tendo sido feita inteiramente à imagem da negação de Deus, é descrita como portando na testa e na mão – isso é, mostrando em pensamento e em ação – a “marca da besta”, o símbolo do homem não apenas rudimentar e não regenerado devido à falta de evolução, mas degenerado ao máximo pela auto-degradação e não mais um homem, mas um demônio, como ele se transformou em tão grande medida, e fadado a ser rejeitado pelo cosmo planetário, e conduzido à extinção na esfera mais externa. Daí ser identificado pelo número 666, a soma de 1 até 36, que é o número de decanatos do zodíaco.

 

            Enquanto isso, o Sacerdotalismo, descrito como a “mulher enfeitada” – não vestida com o “linho branco”, que representa uma intuição pura – vestida com as cores “púrpura e escarlate”, que representam um império baseado no derramamento de sangue, que mantém relações com os “reis da terra”: os baixos desejos do homem. Mulher essa montada na besta – cujas sete cabeças e dez chifres representam os sete pecados capitais e as imagens invertidas, e tornadas diabólicas, dos dez Elohim, ou dez Sefirás de Deus – e que porta na fronte o talismã letal, o instrumento que o Sacerdotalismo sempre usou com enorme sucesso para tornar impotente a mente humana, e o adotando, por essa razão, tanto ao operar no campo da ciência, quanto, em não menor escala, ao operar no campo da religião.

 

            Assim, está na Escritura:
 

            “Mistério, Babilônia a Grande Mãe das meretrizes e abominações da terra” [Apocalipse 17:5]. Pois, quer se escreva “Mistério” ou “O que não pode ser conhecido”, se trata da mesma coisa; e aquilo que ele representa é a dupla blasfêmia: primeiro contra o homem, por negar-lhe qualquer faculdade para a compreensão; e, depois, blasfêmia contra Deus, negando-Lhe o poder de auto-manifestação, auto-revelação, auto-individuação, que está implícito na negação de tal faculdade.

 

            E uma vez que essa é aquela “abominação que causa desolação” [Daniel 9:27], cujo reconhecimento como “estando no lugar sagrado” do Espírito, foi declarado tanto por Daniel como por Jesus como o sinal do fim dos tempos, ao dizer “Quando o vires, então o fim estará próximo, estará às suas portas”, pois ela sempre esteve lá, não percebida, desde a Queda – deve-se concluir sem dúvida que o fim agora é eminente.

 

            Quando se considera que a descrição em questão é aquela feita pelo próprio Jesus – falando por meio de seu “anjo”, através do discípulo chamado “o amado” e “o divino” – revela sobre o futuro de sua própria igreja, e que, além disso, descreve o Sacerdotalismo como “embriagado com o sangue dos santos e dos mártires de Jesus” – filhos, como ele mesmo, da “mulher” intuição – a falha, até aqui, em reconhecer a questão, diante de um retrato tão exato, somente é explicável com a hipótese de algum encantamento irresistível emitido das “profundezas”, expressamente lançado para cegar os olhos do homem a seu respeito.

 

            Que uma exposição como a aqui feita tenha se tornado finalmente possível, é mais uma prova da proximidade do fim. Pois ela prova que os poderes do mal enfraqueceram de tal modo que não mais são capazes de cegar e silenciar. É a revolta moderna contra o Sacerdotalismo na religião que fez isso.

 

            Enquanto mantiveram um controle unificado, as forças das profundezas foram invencíveis. Pois o homem não podia se tornar receptivo ao celestial. Mas a revolta do intelecto contra o Sacerdotalismo sob uma forma, ainda que o restabeleça sob outra forma, a da ciência, o transforma em uma casa dividida contra si mesma, com o resultado usual, tornando possível a reabertura daquele intercâmbio com o celestial, que é aquilo que o infernal se esforça particularmente por impedir.

 

            A condição de tal intercâmbio divino é aquela descrita como o “secar do rio Eufrates, de modo que o caminho dos reis do Oriente seja preparado”. Pois pelo Eufrates se representa, tanto no último como no primeiro livro da Bíblia, a vontade humana, e pelos “reis do Oriente”, os princípios por meio dos quais o homem conhece e compreende. (2) Apenas quando aquele “grande rio”, o rio da vontade humana tiver “secado”, ao ser sublimado e se unificado à vontade divina, terá ele acesso à luz que nasce no “Oriente” espiritual, que é a forma que a Bíblia sempre representa a glória divina como chegando.

 

            Agora, o princípio que distingue o espiritual do infernal, e, portanto, por meio do qual seus correspondentes terrenos podem ser conhecidos, é a afirmação da Força ou Vontade, como sendo o único fator na existência. Em outras palavras, os espíritos infernais negam absolutamente o princípio essencial do Ser, representado pela Mulher.

 

            Essa é a negação que envolve os dois pecados capitais chamados de o “Anti-Cristo” e a “Blasfêmia contra o Espírito Santo”, como será mostrado pelas definições que a seguir serão dadas a respeitos desses pecados. Onde também ficará claro que a Bíblia responsabiliza o Sacerdotalismo por esses dois pecados, desse modo também o identificando com os poderes do mal implícitos no termo Feitiçaria.

 

NOTAS 

 

(1) Como o Sétimo dos Elohim criativos, o “Espírito de Temor ao Senhor” [Isaías 11:2], ou Reverência, e o anjo, portanto, da esfera mais externa do Cosmo. O princípio chamado Satã é reconhecido na Bíblia sob dois aspectos opostos, o bem e o mal. Na presente obra ele é mencionado apenas sob esse último aspecto. Para uma exposição completa da importância e funções de Satã, e da distinção entre Satã e o “Diabo”, veja Clothed with the Sun (Vestida com o Sol), II, XV (O Segredo de Satã), e The Perfect Way (O Caminho Perfeito), III, 9-15.

(2) Os quatro rios do Éden são os quatro princípios constituintes do Cosmo, o Espírito ou Vontade, a Alma ou Substância, o Astral ou Magnético e Mental, e o Material ou Corpóreo e Físico. Eles têm sua correspondência nos quatro elementos. Ver The Perfect Way (O Caminho Perfeito), VI, 4-7, e seguintes.

 

 

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