Índice Geral das Seções   Índice da Seção Atual   Índice da Obra Atual   Anterior: XIII - Cristo, a Realização no Homem de Suas Próprias Potencialidades Divinas   Seguinte: XV - Sacerdotalismo Negou a Dualidade Divina e Suprimiu o Entendimento

 

 

 

XIV.

 

Homem, a Expressão Individualizada de

Princípios Existentes em Deus

 

            Seria um erro censurar essa doutrina como antropomorfismo supondo que ela atribua limitações humanas a Deus. Não se trata de antropomorfismo uma doutrina que reconheça Deus como os princípios dos quais o homem é expressão e manifestação individualizada. E quando a Bíblia diz, como ela o diz através de São Paulo, que as “coisas invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, são claramente vistas, sendo compreendidas pelas coisas que estão feitas, até mesmo Seu poder eterno e Divindade” [Romanos 1:19-21], e acrescenta que aqueles que falham em assim discernir a natureza de Deus a partir de Suas obras “não tem desculpa”, censurando aqueles que, ao negarem a correspondência entre Deus na Seidade de Deus e Deus na criação, fazem de Deus algo essencialmente distinto e diferente do homem, ao ponto de negarem qualquer relacionamento e semelhança entre eles.

 

            Que a doutrina da Dualidade na Unidade tem sido, sob a denominação de “biunidade”, gravemente desfigurada por alguns que, dizendo reconhecê-la, visam apenas apresentá-la de uma maneira calculada para desacreditá-la, muito longe de ser uma razão para rejeitar essa doutrina, é uma razão para uma mais enfática

(p. 53)

afirmação e mais exata definição da mesma. Pois isso prova a importância atribuída a ela, como meio de redenção do homem, por aqueles – os reais autores da perversão – que buscam desse modo servir, não ao homem, porém seus próprios propósitos maléficos.

 

            Aquilo que no plano físico é chamado sexo, é a manifestação em última instância do dualismo que, subsistindo na Divindade como Força e Substância originais, constitue Deus o Pai-Mãe universal. E ao invés dessa correspondência implicar qualquer menosprezo à Divindade, ela deve servir para a redenção do sexo da baixa consideração comumente atribuída a ele, ao elevar o exercício de suas funções ao nível de um sacramento. Não é pelo repúdio do natural que o homem eleva a si mesmo em direção ao divino, mas pela purificação. E para o cumprimento desse objetivo não há método mais eficaz do que o reconhecimento do natural como a expressão do divino, conforme sugerido na prescrição Paulina de tudo realizarmos “para o Senhor”. [p. ex: Romanos 14:8]

 

            O dualismo representado pelos termos masculino e feminino, nem se origina no material, nem termina com o material; ele é derivado por meio do material a partir do substancial e divino. Pois ele representa a potência dual do espírito, tão somente em virtude da qual Deus encontra manifestação na Criação. Pois Criação é manifestação, e a manifestação se dá por geração, e a geração não é de um, mas de dois; embora, como na humanidade, os dois subsistem no um. E que tal dualismo constitua o homem pai e mãe no derivado e no individual, é somente porque ele constitui Deus Pai e Mãe no original e no universal.

 

            Dá-se o mesmo em todos os planos da existência. Pois “há uma lei, e Aquele que opera é Um”. O método de Deus é invariável assim como a natureza de Deus, e em todos os lugares a dualidade na Unidade de Deus encontra expressão. Unicamente é a palavra de Deus aquilo que “penetra até o que separa alma e espírito, juntas e medulas, e discerne as disposições e intenções do coração” [Hebreus 4:12] e distingue entre os dois fatores, o dual, na

(p. 54)

unidade divina. Vontade e Amor, Sabedoria e Compreensão, Espírito e Alma, Mente e Consciência Moral, Intelecto e Intuição – cada dualismo representa a conjunção das duas potências representadas pelos termos masculino e feminino, e seus fatores são masculinos e femininos um para o outro. E precisamente à medida que, e somente à medida que, como o produto de qualquer um deles representa sua mútua interação, e isso exercido em um espírito puro, é tal produto “nascido de Deus”, e é divino. “No celestial todas as coisas são pessoas”; e o método divino, da mesma forma para a criação como para a redenção, é por geração. E que a última seja chamada regeneração, é porque consiste na nova geração do indivíduo a partir do dualismo espiritual de seu sistema, sua Força e Substância, Espírito e Alma, os quais são divinos porque sendo puros são Espírito Santo e Virgem Maria, Pai e Mãe do Cristo-Jesus dentro dele. E sem tal regeneração não há qualquer salvação; porque “Vós deveis nascer de novo, da água e do Espírito”. “O Espírito de Deus se move sobre a face das águas” de Deus como individualizado na alma do homem, dando origem à Palavra – “Deus disse” – onde Deus encontra expressão e manifestação, como tão somente assim pode se dar, através da dualidade na unidade do Espírito.

 

            De onde segue-se que, sendo capazes como são todas as coisas, não importa quão puras em si mesmas, de serem degradadas, e certo como são de serem degradadas, por mentes que são elas mesmas degradadas; e excelentes como podem ser, e às vezes o são, os indivíduos que rejeitam – e os motivos que os impelem a rejeitar – a doutrina que está sendo exposta, a real fonte da objeção não se origina do que é elevado, mas sim do que é inferior. Pois ela é induzida pelo desejo de criar entre Deus e o homem uma tão absoluta diferenciação, tanto quanto à substância como quanto à constituição, de tal modo que essa diferenciação efetivamente afaste o homem do reconhecimento e, consequentemente, da realização das potencialidades divinas as quais, como sua inalienável herança, lhes chegam

(p. 55)

inevitavelmente a partir da relação que, em virtude de tal identidade, subsiste entre ele e Deus.

 

            É com referência, precisamente, a essa insidiosa introdução de erro fatal, sob o plausível véu dos excelentes motivos, que “Satã” é mencionado como sendo “transformado em um anjo de luz”. E é exatamente a negação da substância, e da divindade dessa, que se constitui, em sua modalidade mais flagrante, a “blasfêmia contra o Espírito Santo”; aquele pecado de caráter odioso e imperdoável, do qual as condições atuais do mundo são a demonstração; a responsabilidade disso recaindo sobre o Sacerdotalismo como o agente e o perpetuador da Queda.

 

 

Índice Geral das Seções   Índice da Seção Atual   Índice da Obra Atual   Anterior: XIII - Cristo, a Realização no Homem de Suas Próprias Potencialidades Divinas   Seguinte: XV - Sacerdotalismo Negou a Dualidade Divina e Suprimiu o Entendimento