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VIII – A FILOSOFIA PERENE E A FRATERNIDADE UNIVERSAL:
O Atual Nível de Evolução da Humanidade
91 – “Tanto os Egos encarnados como os desencarnados estão em sua imensa maioria
semiconscientes, embora já poucos se encontrem incolores. Porém, os plenamente
conscientes brilham como estrelas de primeira grandeza entre a multidão de
irradiação não tão viva (...). A maioria não está ainda suficientemente
amadurecida para compreender as leis da evolução a que se acha sujeita”. (C.W.
Leadbeater, O Plano Mental, p. 104)
Passemos então ao último aspecto dessa análise da fraternidade humana à luz da
Filosofia Esotérica, que é aquele que diz respeito ao ponto do ciclo evolutivo
em que se encontra atualmente o conjunto de seres humanos coletivamente
considerados. Esse aspecto é da maior importância prática para as soluções dos
grandes problemas humanos, as quais como vimos dependem
tanto de um adequado sistema de ética, quanto de novas e competentes
instituições (formas ou modelos) de organização sócio-política.
Os aspectos anteriormente examinados nos mostraram, em termos genéricos, a
Unidade e a Diversidade inerentes à Fraternidade humana, porém não nos revelaram
quais as proporções relativas entre os grupos de diferentes níveis de
desenvolvimento espiritual na atual etapa evolutiva da humanidade. Isto é, qual
a proporção daqueles já espiritualmente maduros em relação aos medianamente
amadurecidos, bem como em relação àqueles ainda pouco amadurecidos.
Pressupostos
Falsos Levam a Conclusões Falsas
Essas são informações da maior importância prática. E caso os membros da ST as
ignorarem, ou se basearem em dados incorretos a esse respeito, certamente
oferecerão ao mundo tanto um sistema de ética e de deveres, quanto instituições
ou modelos de organização sócio-política completamente
inadequados. O professor C.B. Macpherson da Universidade de Toronto no
Canadá, em sua conhecida obra A Democracia Liberal: Origens e
Evolução se refere da seguinte
maneira à importância desses pressupostos a respeito dos seres humanos ao
considerarmos os sistemas políticos:
92 – “Para mostrar que um modelo de sistema político ou de sociedade, existente
ou ainda não existente mas
desejado, é praticável, isto é, para que se possa esperar que atue bem por longo
prazo, deve-se admitir alguns pressupostos sobre os seres humanos, pelos quais e
com os quais se há de contar. De que tipo de conduta política são eles capazes?
Trata-se, evidentemente, de uma questão fundamental. Um sistema político que
exigisse, por exemplo, que os cidadãos tenham mais racionalidade ou mais zelo
político do que têm ostensivamente agora, e mais do que se poderia esperar em
qualquer circunstância social a que se chegue, não mereceria muita defesa.” (p.
12)
Desse modo, se os membros da ST partirem de pressupostos equivocados a esse
respeito, a ST inevitavelmente falharia enquanto exemplo de uma organização que
pudesse inspirar soluções consistentes para os problemas mundiais. Ela estaria,
assim, fracassando no cumprimento de sua magna tarefa, a qual foi descrita por
um dos Mahatmas nos seguintes termos:
93 – “O problema da verdadeira Teosofia e sua grande missão é a elaboração de
claras e inequívocas concepções de idéias éticas e de deveres, as quais possam
mais e melhor satisfazer os sentimentos retos e altruísticos em nós; e a
moldagem dessas concepções para a sua adaptação em tais formas de vida diária
onde elas possam ser aplicadas com mais equidade.” (LMW,
2nd Series, n. 82, p.
158)
O Atual
Estágio Evolutivo da Humanidade
Com isso em mente, iniciemos nossa análise a respeito do atual perfil evolutivo
da fraternidade humana. Dentro da perspectiva da Filosofia Perene, uma visão
bastante interessante desse perfil evolutivo pode ser encontrada numa descrição
geral do famoso clarividente Charles W. Leadbeater a respeito dos corpos causais
da humanidade de nossa época. Esse panorama geral implica em algumas repetições
de fatos já examinados, contudo, em vista da importância desse tópico dentro da
lógica geral deste estudo, essas repetições podem servir para enfatizar o que se
está pretendendo comunicar.
Lembremos que, como vimos em citação anterior de Geoffrey Hodson, “a condição do
corpo causal é um verdadeiro registro – o único registro verdadeiro – do
crescimento do homem, ou do estágio de evolução que ele atingiu.” O nível de
desenvolvimento desses veículos, portanto, revela fielmente o perfil do real
desenvolvimento espiritual alcançado pela humanidade em seu atual estágio
evolutivo. Passemos, então, à descrição de C.W. Leadbeater:
94 – “O terceiro subplano do mundo mental é o subplano
inferior do mundo mental superior, ou plano causal, e também é o mais povoado de
todos os subplanos, porque ali estão presentes os sessenta bilhões de Eus
Superiores envolvidos na atual evolução humana, exceto um número relativamente
exíguo dos capazes de atuar no segundo e primeiro subplanos. Cada Ego (ou Eu
Superior) ali se apresenta como uma forma ovóide, que no princípio é apenas uma
forma incolor de tenuíssima consistência quase invisível, porém que, à medida
que progride, vai mostrando uma radiante iridiscência semelhante à das bolhas de
sabão, de modo que as cores brincam em sua superfície como mudam os matizes em
uma catarata tocada pelos raios do sol.
“(...) quando o Ego se adianta notadamente em sua evolução, o ovóide do corpo
causal do Ego se converte num fúlgido globo de flamejantes cores, com matizes em
absoluto desconhecidos na Terra, tão suaves, brilhantes e luminosos que a
linguagem humana é incapaz de os descrever. (...)
“Os corpos causais estão cheios de um vívido fulgor que advém
de um plano superior, de modo que os globos parecem conectados por um tremulante
fio de intensa luz que concorda com a frase da estância de Dizian: “A chispa
pende da chama pelo finíssimo fio de Fohat”. À medida que o Ego ou Eu Superior
se adiante, aumenta sua capacidade de receber maior quantidade de energia divina
que como por um canal flui pelo fio, o qual amplia sua espessura para facilitar
a passagem da corrente. De modo que desde o segundo subplano esse fio toma o
aspecto de um tubo de comunicação entre o céu e a terra, e num nível muito
superior parece um grande globo do qual emana um fluxo vivente no qual o corpo
causal se entrefunde. (...)
“Tanto os Egos encarnados como os desencarnados estão em sua imensa
maioria semiconscientes, embora já poucos se encontrem incolores. Porém,
os plenamente conscientes brilham como estrelas de primeira grandeza entre a
multidão de irradiação não tão viva, de maneira que a intensidade de vibração e
cor denota o grau de evolução de cada Ego.
“A maioria não está ainda suficientemente amadurecida para
compreender as leis da evolução a que se acha sujeita; anseia encarnar em
obediência ao impulso da Vontade cósmica, e também pela cega sede de vida
manifestada, isto é, pelo desejo de estar onde possa sentir e ter consciência da
vida manifestada.
“Nas primeiras etapas de sua evolução, os Egos não são capazes de perceber as
rapidíssimas e penetrantes vibrações da sutilíssima matéria do mundo causal, e
só respondem às pesadas e lentas vibrações da grosseira matéria física. Assim é
que somente no mundo físico se crêem vivos, explicando-se desse modo
o seu intenso desejo de renascer na Terra. Durante algum tempo esse
desejo concorda exatamente com a lei da evolução, pois só podem evoluir por meio
de contatos externos aos quais se vão habituando a responder, e que só pode lhes
ser proporcionado pela vida terrena. Pouco a pouco a sua capacidade responsiva
aumenta e percebem as vibrações da matéria física etérica e depois as da matéria
astral. (...)
“Pelo mesmo processo de acostumar-se a responder aos contatos
externos, o Ego aprende a concentrar a consciência no corpo mental e a viver
segundo as imagens que ele mesmo forja, bem como também aprende a dominar suas
emoções por meio do pensamento. Por fim o Ego concentra a consciência no
corpo causal e então reconhece sua verdadeira vida. Quando isso acontecer, se
encontrará já no segundo ou no primeiro subplano e não sentirá o menor desejo de
se reencarnar. Mas, no momento, estamos tratando da maioria dos Egos, que ainda
são pouco evoluídos e que caminham às tontas, brandindo os tentáculos da
personalidade nos planos inferiores da vida, sem se aperceberem que a
personalidade é um instrumento de que têm de se servir para a sua evolução.
Coisa alguma procede de seu passado ou de seu futuro, pois ainda não são
conscientes em seu próprio plano.
“Segundo o Ego vá passando por experiências e assimilando
seus resultados, adquire o conhecimento de que umas ações são boas e outras más,
e esse conhecimento se manifesta imperfeitamente na personalidade como uma
incipiente consciência do justo e do injusto. Pouco a pouco o sentimento de
justiça vai-se afirmando, e mais claramente se formula na personalidade de modo
que já serve um tanto de guia de conduta.
“(...) os Egos mais avançados do terceiro subplano se adiantam até o ponto de se
ocuparem no estudo de seu passado, assinalando as causas que o estabeleceram e
aprendendo muito dessa retrospecção, de modo que os novos impulsos
para a frente são mais claros e definidos, e transferem-se à
personalidade como firme convencimento e imperativas intuições. (...)
“Do subplano densamente povoado que acabamos de considerar,
passamos ao segundo subplano que é muito menos povoado, como se passássemos de
uma cidade populosa para uma aldeia tranquila, porque no atual estado da
evolução humana, tão só uma exígua minoria de indivíduos chegou a esse alto
nível, onde mesmo os menos evoluídos são definitivamente conscientes de si
mesmos e de tudo o que os rodeia. O ego nesse subplano (...) percebe que está
empenhado numa obra de aperfeiçoamento próprio e reconhece as etapas da vida
física, astral e mental, pelas quais passa enquanto revestido de seus veículos
inferiores.
“O Ego nesse nível vê a personalidade como parte de si mesmo, com a qual está
ligado e esforça-se em guiá-la, valendo-se do conhecimento de seu passado como
um acervo de experiências das quais formula princípios de conduta com claro e
imutável conhecimento do bem e do mal, que é transmitido à mente inferior para
vigiar e dirigir suas atividades. Embora durante a primeira
parte
de sua vida no segundo subplano fracasse repetidamente no empenho de dar a
entender logicamente à mente inferior os princípios que lhe transmite, acaba por
fixar nela os incontrastáveis conceitos de verdade, justiça e honra.
“(...) Contudo, ainda que consiga guiar seus veículos inferiores, não é ainda
claro e preciso o conhecimento deles e de suas ações. Vê nebulosamente os planos
inferiores cujos pormenores não compreende tão bem como
os princípios, e parte de sua evolução no segundo subplano consiste em pôr-se
mais e mais conscientemente em contato direto com a personalidade que tão
deficientemente o representa nos mundos inferiores.
“Do dito acima se infere que só se encontram no segundo subplano os Egos que
anseiam pelo aperfeiçoamento espiritual e portanto
são capazes de receber a influência dos planos superiores. Amplia-se o canal de
comunicação pelo qual flui então mais energia. Sob essa influência o pensamento
adquire uma qualidade singularmente clara e penetrante, mesmo nos Egos menos
adiantados desse subplano, e o efeito dessa qualidade se mostra na mente
inferior como uma tendência à filosofia e às idéias abstratas. (...)
“O primeiro subplano é o mais glorioso do mundo mental, no qual moram poucas
entidades pertencentes à nossa humanidade, que são os Mestres de Sabedoria e
Compaixão e seus discípulos e iniciados. A beleza de forma, cor e som
é inefável
nesse subplano, porque na linguagem humana não existem vocábulos em que possam
achar expressão tão radiantes esplendores. (...)
“Desse primeiro subplano do mundo mental o gênio recebe a luz que o
ilumina e ali encontram orientação todos os esforços de adiantamento espiritual.
“Assim como os raios de sol se difundem por toda a parte, e cada qual os
aproveita segundo sua natureza, assim dos Irmãos Maiores da humanidade flui
sobre todos os Egos a luz da vida que Eles têm por missão difundir, e cada qual
aproveita o que é capaz de assimilar para seu crescimento e evolução. Desse
modo, como em todas as outras coisas, a mais excelsa glória do mundo se acha na
glória do Serviço, e os Egos que terminaram a evolução mental são as fontes de
quem dimana a força auxiliadora dos que ainda estão na linha ascendente.” (O Plano Mental, p. 103-116)
A maior importância dessa longa citação de Leadbeater para esse texto está no
fato de que ela nos dá uma visão bastante completa do atual estágio evolutivo da
humanidade. Ela não só descreve os nossos Egos em seus diferentes níveis de
desenvolvimento, mas, o que é mais importante e raro, descreve claramente as
proporções relativas de cada um desses níveis de desenvolvimento dentro da
população total.
Apenas Pequena
Minoria Está Egoicamente Amadurecida
Assim, Leadbeater nos informa que a grande maioria dos Eus Superiores ainda se
encontra pouco desenvolvida em nossa atual etapa evolutiva. Desse modo, apenas
uma minoria relativamente pequena é capaz de transmitir à personalidade claras
normas de veracidade, justiça e altruísmo, conforme cabe relembrar nas passagens
que repetimos abaixo:
95 – “Tanto os Egos encarnados como os desencarnados estão em
sua imensa maioria semiconscientes, embora já poucos se encontrem incolores.
(...)
“A maioria não está ainda suficientemente amadurecida para
compreender as leis da evolução a que se acha sujeita (...)
“Mas no momento estamos tratando da maioria dos Egos, que ainda são pouco
evoluídos e que caminham às tontas, brandindo os tentáculos da personalidade nos
planos inferiores da vida, sem se aperceberem que a personalidade é um
instrumento de que têm de se servir para a sua evolução. (...)
pois ainda não são conscientes em seu próprio plano. (...)
“Do subplano densamente povoado que acabamos de considerar,
passamos ao segundo subplano que é muito menos povoado, como se passássemos de
uma cidade populosa para uma aldeia tranquila, porque no atual estado da
evolução humana, tão só uma exígua minoria de indivíduos chegou a esse alto
nível, onde mesmo os menos evoluídos são definitivamente conscientes de si
mesmos e de tudo o que os rodeia. (...)
“Embora durante a primeira parte de sua vida no segundo
subplano fracasse repetidamente no empenho de dar a entender logicamente à mente
inferior os princípios que lhe transmite, acaba por fixar nela os
incontrastáveis conceitos de verdade, justiça e honra. (...)
“(...) o pensamento adquire uma qualidade singularmente clara e
penetrante, mesmo nos Egos menos adiantados deste subplano, e o efeito dessa
qualidade se mostra na mente inferior como uma tendência à filosofia e às idéias
abstratas. (...)
“O primeiro subplano é o mais glorioso do mundo mental, no qual moram poucas
entidades pertencentes à nossa humanidade, que são os Mestres de Sabedoria e
Compaixão e seus discípulos e iniciados.”
Essa informação, que apenas uma pequena minoria apresenta inclinação ao
pensamento abstrato, será muito importante ao contracenarmos a perspectiva da
humanidade como uma fraternidade universal, com as correntes de pensamento
dominantes na atualidade. Ela será igualmente importante para a análise dos
equívocos das principais instituições sociais derivadas dessas correntes
dominantes. Equívocos e instituições que são responsáveis por grande parte dos
conflitos e da miséria do mundo. Igualmente importante é a comparação feita por
Leadbeater, entre uma cidade densamente populosa e uma aldeia, que nos dá uma
idéia das proporções relativas entre a quantidade de Egos pouco desenvolvidos e
aqueles já egoicamente maduros.
O Papel
Determinante e a Responsabilidade das Elites
Um outro aspecto que fica muito claro à luz dessa descrição de Leadbeater é o
papel determinante e a imensa responsabilidade das elites em relação ao bem
estar da população como um todo, entendendo-se aqui por “elites” aqueles com
capacidades psico-espirituais mais elevadas. Esse fato também será abordado com
maior detalhamento mais adiante, mas vale a pena relembrarmos,
nesse contexto de análise sob o enfoque da Filosofia Perene, uma passagem da
carta do Senhor Maha Chohan onde essa grande responsabilidade é afirmada
categoricamente:
96 – “As “classes intelectuais”, reagindo sobre as massas ignorantes que elas
atraem e que olham para elas como exemplos nobres e qualificados para serem
seguidos, degradam e moralmente arruínam aqueles que deveriam proteger e guiar.”
(LMW, 1st Series, n. 1, p. 4)
A descrição acima de Leadbeater também encontra ampla corroboração nos escritos
dos Mahatmas e de discípulos avançados como HPB. Vejamos inicialmente uma
citação das cartas dos Adeptos em perfeita sintonia com esta descrição:
97 – “Quanto à natureza humana em geral, ela é a mesma agora do que era há um
milhão de anos atrás: preconceitos baseados no egoísmo; uma má vontade geral para
renunciar a uma ordem estabelecida de coisas por novos modos de vida e de
pensamento – e o estudo oculto requer tudo isso e muito mais – orgulho e
resistência teimosa à Verdade se ela meramente perturbar suas noções anteriores
das coisas – tais são as características de sua época, e especialmente das
classes média e baixa.” (K.H., ML, n. 1, p. 3)
Numa época como a que vivemos, já uns poucos anos
dentro do século XXI – na qual são dominantes os preconceitos igualitaristas e
na qual, paradoxalmente, encontramos um abismo entre os mais pobres e os mais
ricos que em nenhuma outra época foi tão grande – explicitar claramente tais
conhecimentos a respeito da fraternidade humana pode soar como uma forma de
elitismo, ou de defesa conservadora de privilégios e injustiças sociais
gritantes. Por isso mesmo, cabe deixar perfeitamente esclarecido que o nosso
propósito é exatamente o contrário disso, uma vez que, conforme procuraremos
demonstrar mais adiante, é exatamente nessa clara visão do perfil evolutivo da
família humana que reside a única esperança de uma organização social mais justa, na
qual o bem-estar e os direitos dos menos amadurecidos possam ser realmente
defendidos e assegurados, conforme podemos ler na seguinte citação da Dra. Annie
Besant:
98 – “Pode-se deduzir o que deveria ser um Estado,
contemplando uma família que reconheça o princípio da Fraternidade, e na qual o
dever e a responsabilidade sigam de mãos dadas com a idade e as capacidades.
Quando, porém, os humanos fazem caso da idade? E se não se encontra um
substituto equivalente a essa na raça humana, ser-nos-á difícil relacionar a
raça humana com a Fraternidade, para que se a reivindique e para que essa sirva
como pedra angular dos séculos futuros. Tanto para a humanidade como para a
família, é bem notório que há uma diferença de idades. Tal como na família, os
membros da humanidade nascem em tempos diferentes. Assim como as aludidas
diferenças de idade compõem o círculo familiar, o mesmo sucede com a família
humana. Os espíritos que formam essa grande família não possuem a mesma idade,
pois não nasceram para a existência individual ao mesmo tempo. Junto com a idéia
de Fraternidade, encontramos a da Lei Natural da Reencarnação que nos evidencia
que existe diferença de idade nos espíritos individualizados e que na família
humana uns são mais velhos e outros mais jovens (...).
“O grande princípio da Reencarnação corre parelho com o princípio da
Fraternidade, porém isso acontece se o aplicamos e o convertemos em uma coisa
positiva na vida quotidiana. Porque dessas diferenças de idade surgem todas as
possibilidades de uma Sociedade ordenada e feliz. Quando as almas jovens ocupam
o poder prejudicam o Estado, pois são crianças que governam e não homens. O
contrário porém acontece se são os sábios que detêm a autoridade.
Ditosa a nação onde aos sábios e pensadores e aos homens de conhecimento é dado
o direito a uma maior distinção social e onde a capacidade e o Poder vão unidos.
Unicamente quando essas verdades forem reconhecidas como o resultado do
princípio da Reencarnação é que se poderá edificar com segurança, sob o amparo
dessa Lei da Natureza, uma Sociedade duradoura.” (A. Besant, A Fraternidade Aplicada às Condições Sociais, em O Teosofista, p. 254-260,
mar-abr/1939)
Outras
Citações sobre o Nível Evolutivo da Humanidade
À luz da Filosofia Perene não pode haver dúvidas de que a descrição apresentada
de C.W. Leadbeater, e corroborada pela citação do Adepto, mostra a fraternidade
humana de uma forma verdadeira, isto é, em sua real situação evolutiva. Com o
intuito de corroborar e esclarecer ainda mais esse panorama a respeito de nossa
atual condição evolutiva, apresentamos a seguir mais
algumas citações, agora retiradas dos escritos de HPB:
99 – “Nossa atual humanidade ainda está na quarta das sete grandes rondas
cíclicas. A humanidade é um bebê que mal saiu das fraldas, e o mais alto Adepto
da nossa época conhece menos do que ele conhecerá como uma criança na sétima
ronda.” (CW, vol. VI, p. 103)
100 – “Temos um terceiro objetivo, perseguido por uma parte
dos membros da Sociedade, que é investigar as leis inexplicadas da natureza e os
poderes psíquicos do homem. São dois objetivos gerais e um restrito, a
saber. (...)
“Apenas uma parte de nossos membros se ocupa com o estudo das propriedades
ocultas da matéria e os poderes psíquicos do homem. A Sociedade como um todo,
portanto, não está envolvida nesse ramo de pesquisa. E naturalmente; pois de
cada dez mil pessoas que possamos encontrar, as chances são de que apenas uma
muito pequena minoria tenha o tempo, o gosto ou a habilidade para dedicar-se a
estudos tão delicados e desconcertantes.” (CW, vol. XII, p. 303)
101 – “Assim, em todo homem a grande batalha ocorre ferozmente, mas a sorte da
luta não é igual em todos – em alguns as hostes animais alastram-se loucamente
em seus triunfos, em uns poucos o glorioso exército do Deus interior obteve uma
vitória silenciosa, mas na vasta maioria, e especialmente agora, no ponto de
equilíbrio do ciclo da raça, a batalha é feroz e violenta, e o resultado ainda é
duvidoso.” (CW, vol. XI, p. 149)
102 – “Poucos eram os homens durante os primórdios da adolescência da raça
humana, e ainda em menor número o são agora, que sentem-se
dispostos a colocar em prática a forte declaração de Pope, de que ele arrancaria
seu próprio coração, se esse não tivesse outra inclinação melhor do que amar
apenas a si mesmo, e rir-se de todos os seus semelhantes.” (CW, vol. XIV, p. 41)
103 – “Ainda não houve uma época, nem nunca haverá, enquanto essa raça humana
perdurar, em que nada mais do que uma pequena minoria se devotará à imensa
tarefa de autoconquista e evolução espiritual. O Adepto é tão raro quanto a flor da Árvore Vogay, a qual, diz o provérbio tamil, é a
mais difícil de ser vista.
(...) A mera certeza de que esses raros poderes – psíquicos e intelectuais – e
uma tal grandeza moral, que o Adepto exemplifica, estão dentro do alcance
humano, dá nobreza à nossa natureza comum e nos oferece um modelo digno de
admirar e, em alguma medida, seguir.” (CW, vol. IV, p. 170)
Essas citações de HPB corroboram amplamente a longa citação de Leadbeater. Ela
diz que no caso da grande maioria de seres humanos observa-se uma luta feroz
entre as tendências animais ou egoístas, e as tendências espirituais, divinas ou
altruístas; ou, com outras palavras, na descrição de Leadbeater, que os Egos
humanos ainda “estão em sua imensa maioria semiconscientes, embora já poucos se
encontrem incolores.”
A Evolução do Eu Superior é um Processo Muito Lento
HPB também nos diz que recém atingimos o ponto médio do ciclo evolutivo da
humanidade, e que ela “ainda está na quarta das sete grandes rondas cíclicas”
que compõem a sua trajetória evolutiva. Nesta obra, não nos parece necessário
entrarmos no exame da doutrina das rondas cíclicas, é suficiente notarmos que
elas dizem respeito a dilatadíssimos períodos de tempo,
e que os séculos ou os milênios são como dias e semanas na longa vida evolutiva
da humanidade.
Essa noção, de que mudanças significativas na evolução psico-espiritual da
humanidade correspondem a enormes períodos de tempo, é da maior importância em
nossa época, na qual os avanços acelerados no domínio de algumas energias da
natureza conferem a falsa impressão de avanços
igualmente acelerados na evolução real ou egóica da humanidade. Fala-se
ingenuamente, até mesmo entre círculos tidos como de alta espiritualidade, de
uma Era de Aquário, ou uma Nova Era, na qual seres espiritualmente amadurecidos
surgiriam em grandes quantidades. Como se disposições astronômicas tivessem o
poder de produzir reais avanços evolutivos!
Deslumbrados como estamos com os superficiais e perigosos avanços científicos e
tecnológicos dessa época, a exemplo da quase instantânea velocidade eletrônica
que conseguimos aplicar a muitos
métodos de computação, comunicações, destruição, etc., perdemos de vista o fato
marcante de que a verdadeira evolução psico-espiritual da humanidade é um
processo que envolve períodos de tempo assustadoramente longos.
Esse duro fato da vida tem importantíssimas implicações práticas nessa época de
tantos falsos igualitarismos, os quais são de fato reais apenas nos discursos
enganosos e nas legislações caóticas e cruelmente irresponsáveis por eles
geradas, conforme examinaremos mais adiante nesta obra, inclusive com suas
implicações dentro da própria ST. Nunca parece demais lembrar a frase já citada
do Adepto ao dizer que “Quanto à natureza humana em geral, ela é a mesma agora
do que era há um milhão de anos atrás”. Exatamente nesse sentido, trazemos para
concluir esse capítulo mais duas citações de HPB:
104 – “Os tempos e os eventos mudam; a natureza humana permanece a mesma e
inalterada, sob todos os céus e em todas as idades.” (CW, vol. XIV, p. 110)
105 – “Mas o zênite do material é o nadir do espiritual; a lei de progresso
move-se calmamente para frente com a roda do tempo, e a natureza, que nunca dá
saltos, desenvolve um novo padrão de valor – o intelectual – o qual vemos agora
mesmo afirmando-se, à medida que se adapta à compreensão média e ao padrão
material da época, e apontando para o desenvolvimento de um novo padrão de
casta; esse será por sua vez suplantado pela casta do verdadeiro valor, na qual
o desenvolvimento espiritual da raça será completamente estabelecido. Esse,
entretanto, será o trabalho de eras, e no que diz respeito à humanidade como um
todo, não pode ser facilmente acelerado, pois é impossível mudar a lei natural
de evolução, a qual avança em espiral com curvas que nunca reentram em si
mesmas, mas sempre ascendem para assim chamados planos superiores.” (CW, vol. XI, p. 150)
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