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2. Citações Sobre o Cristianismo Budista e Interpretação dos Símbolos Religiosos
Sobre o Cristianismo Budista
 
I)
“Da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a 
esperada redenção do mundo”. [The Perfect Way; or, the Finding 
of Christ (O Caminho Perfeito; ou, 
a Descoberta de Cristo), p. 252]
II)
“Em resumo, não são dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo 
e o interno, de um mesmo Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e 
complementação no Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu 
alicerce no Budismo”. 
[The Living Truth in Christianity (A Verdade Viva no Cristianismo), pp. 
26-27]
III)
“O Cristianismo foi introduzido no mundo com uma relação especial 
com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito 
longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta 
e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo 
contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o 
indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente. (...)
Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria 
ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a 
Mente iluminada antes que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido o 
Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de 
sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de 
Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for 
também e primeiramente budista.
Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto 
exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no 
Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorianismo – e a iluminação estando no 
Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, 
assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível”. [The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de 
Cristo), pp. 250-251]
IV)
“Do mesmo modo que não fazia parte do projeto dos Evangelhos 
representar o percurso inteiro do Homem Regenerado, também não fazia parte desse 
projeto fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema 
integral e completo, independentemente dos que o antecederam.
Por ter uma relação especial com o Coração e o Espírito do Homem, 
e dessa forma com o núcleo da célula e com o Santo dos Santos do Tabernáculo, o 
Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do 
Corpo (...), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e 
amplamente conhecidos e praticados.
Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois 
modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” 
que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse 
sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama 
Buda e Pitágoras.
No caso desses dois profetas e redentores, praticamente 
contemporâneos, o sistema era, tanto na sua doutrina quanto na sua prática, 
essencialmente um e o mesmo. E suas relações com o sistema de Jesus, como seus 
necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na 
alegoria da Transfiguração.
Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são 
correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. E eles são descritos como 
tendo sido vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, 
respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e 
por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração.
E pela sua reunião no Monte está representada a união dos três 
elementos, e a complementação de todo o sistema abrangido pelos três por Jesus, 
como o representante do Coração ou daquilo que é Mais Interno, e, em um sentido 
especial, como o “amado Filho de Deus”.
O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação 
especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E 
muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a 
direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um 
todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o 
indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente”. [The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de 
Cristo), pp. 249-251]
V)
“Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres 
Verdades, e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda 
a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da 
conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda 
análise do sofrimento e da tristeza com o método da libertação desses (...), sua 
regeneração completa da mente, seus elevados códigos de moralidade e padrão de 
tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a indispensável precursora e 
intérprete da doutrina de Cristo”. (A Verdade Viva no Cristianismo, 
p. 26)
VI)
“... não fazia parte desse projeto [do Cristianismo original] 
fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e 
completo, independentemente dos que o antecederam.
(...) o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a 
regeneração da Mente e do Corpo (...), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a 
sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.
Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois 
modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” 
que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse 
sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama 
Buda e Pitágoras.
(...) suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários 
pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da 
Transfiguração.
Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são 
correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. Eles são descritos como vistos 
pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções 
distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, 
Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração. (...)
O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação 
especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E 
muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a 
direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um 
todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o 
indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente.
Buda e Jesus são, portanto, necessários um ao outro. E no sistema 
integral assim completado Buda é a Mente e Jesus é o Coração; Buda é o geral, 
Jesus é o particular, Buda é o irmão do universo, Jesus é o irmão dos homens; 
Buda é a Filosofia, Jesus é a Religião; Buda é a Circunferência, Jesus é o 
Interno; Buda é o Sistema, Jesus é o ponto de Radiação; Buda é a Manifestação, 
Jesus é o Espírito; em síntese, Buda é o “Homem”, Jesus é a “Mulher”.
Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria 
ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a 
Mente iluminada antes de que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido 
o Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de 
sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de 
Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for 
também e primeiramente budista.
Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto 
exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no 
Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorismo – e a iluminação estando no 
Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, 
assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível.
(...) da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a 
redenção vindoura do mundo.
(...) Aqueles que buscam casar Buda a Jesus são do celestial e 
superior; e aqueles que se interpõem ou se objetam ao casamento são do astral e 
do inferior”. [The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de 
Cristo), p. 249-256]
VII)
“É tão somente a doutrina do Karma e da continuidade das 
existências que explica as desigualdades e desarmonias da vida e que justifica a 
Justiça Divina. E, vista desse ponto de vista, a vida tem uma amplitude muito 
maior do que aquela que é compatível com a idéia de uma única existência, e que 
torna a alma independente da disciplina da experiência terrena, uma vez que tal 
experiência é completamente negada para um vasto número daqueles que morrem na 
infância. O fato de que as escrituras cristãs não reconheçam explicitamente essa 
doutrina não representa nenhum argumento contra o fato de que ela seja uma 
doutrina cristã. Essa doutrina já estava no mundo no Budismo; e o Cristianismo, 
como o complemento e o coroamento do Budismo, não tinha nenhuma necessidade de 
reiterá-la”. [The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo), pp. 143-144]
VIII)
“A fé cristã é a herdeira direta da velha fé romana. Roma foi a 
herdeira da Grécia, e a Grécia do Egito, de onde se originaram o legado de 
Moisés e o ritual hebraico.
O Egito foi apenas o foco de uma luz cuja verdadeira fonte e 
centro era o Oriente em geral – Ex Oriente Lux. Pois o Oriente, em todos os 
sentidos, geograficamente, astronomicamente e espiritualmente, é sempre a fonte 
de luz.
Mas, embora originalmente derivada do Oriente, a Igreja de nossos 
dias e de nosso país é modelada diretamente a partir da mitologia greco-romana, 
e de lá retira todos os seus ritos, doutrinas, cerimônias, sacramentos e 
festivais.
Portanto, a exposição que será feita sobre o Cristianismo 
Esotérico tratará mais especificamente dos mistérios do Ocidente, uma vez que 
suas idéias e sua terminologia são para nós mais atrativas e próximas do que as 
concepções não artísticas, a metafísica não familiar, o espiritualismo 
melancólico e a linguagem pouco sugestiva do Oriente.
Extraindo sua essência-vital diretamente da fé pagã do velho 
mundo Ocidental, o Cristianismo mais proximamente se parece com seus pai e mãe 
imediatos, do que com seus ancestrais remotos, e será, então, melhor exposto com 
referência a suas fontes da Grécia e de Roma, do que com referência a seus 
paralelos bramânicos e védicos.
A Igreja cristã é católica, ou então ela não é nada que mereça, 
em absoluto, o nome de Igreja. Pois católico significa universal, 
todo-abarcante: – a fé que sempre e em todos os lugares foi recebida. A 
prevalecente visão limitada desse termo é errada e prejudicial.
A Igreja cristã foi inicialmente chamada de católica porque ela 
abarcava, compreendia e tornou seu o passado religioso de todo o mundo. Reunindo 
em sua figura central – do Cristo – e em torno dessa figura todas as 
características, lendas e símbolos até então pertencentes às figuras centrais 
das dispensações anteriores, proclamando a unidade de toda aspiração humana, e 
formulando em um grande sistema ecumênico as doutrinas do Oriente e do Ocidente.
Assim, a Igreja católica é védica, budista, zend-avesta e 
semítica. Ela é egípcia, hermética, pitagórica e platônica. Ela é escandinava, 
mexicana e druídica. Ela é grega e romana. Ela é científica, filosófica e 
espiritual.
Encontramos em seus ensinamentos o panteísmo do Oriente, e o 
individualismo do Ocidente. Ela fala a língua e pensa os pensamentos de todos os 
filhos dos homens; e em seu templo todos os deuses estão em um lugar sagrado.
Eu sou vedantina, budista, helenista, hermética e cristã, porque 
eu sou católica. Pois nessa única palavra todo o Passado, Presente e Futuro 
estão abarcados.
Como Santo Agostinho e outros dos Padres (Pais) da Igreja 
verdadeiramente declararam, o Cristianismo não contém nada de novo a não ser o 
seu nome, estando próximo dos antigos desde o seu início. E as várias seitas, 
que retém apenas uma porção da doutrina católica, são apenas como cópias 
incompletas de um livro, do qual capítulos inteiros foram retirados, ou como 
representações de uma peça teatral na qual apenas alguns de seus personagens e 
de suas cenas foram mantidos”. [The 
Credo of Christendom (O Credo do 
Cristianismo), pp. 94-96]
IX)
“Agora, uma das mais deploráveis características do 
Sacerdotalismo é sua habitual intolerância a todas as outras formas de fé e 
sistemas religiosos, a despeito de sua antiguidade, autenticidade, semelhanças 
fundamentais e credibilidade.
O Sacerdotalismo não os vê como amigos, mas como rivais e 
inimigos; que não devem ser entendidos, apreciados e – ao menos em parte – 
assimilados, mas que devem ser ignorados, depreciados e contestados.
Essa atitude é justificada pelo Sacerdotalismo como sendo zelo 
por seus próprios princípios particulares, mas isso, na verdade, não é nada mais 
que intolerância nascida da ignorância.
Exatamente essa atitude em relação àquele sistema religioso em 
particular denominado de Budismo, que precedeu o advento do Cristianismo por 
cerca de cinco ou seis séculos, tem sido algo próximo de uma atitude suicida ao 
real sucesso do Cristianismo, tendo se provado desastrosa para sua capacidade de 
influenciar a todos, exceto aos ignorantes e elementares, aos preconceituosos e 
às classes conservadoras ainda dominadas pelo Sacerdotalismo.
Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres 
Verdades e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda 
a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da 
conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda 
análise do sofrimento e da tristeza, com o método da libertação desses estando 
disponível a todos, sua regeneração completa da mente, seus elevados código de 
moralidade e padrão de tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a 
indispensável precursora e intérprete da doutrina de Cristo. Em resumo, não são 
dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo e o interno, de um mesmo 
Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e complementação no 
Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu alicerce no Budismo.
Visto dessa forma, o Cristianismo, como religião, assume a obra 
de aperfeiçoar o homem em seu coração, a partir daquele grau de regeneração 
parcial a que o Budismo, como filosofia, já o conduziu em sua mente; e assim o 
Cristianismo descreve e trata apenas dos estágios finais de todo o grande 
trabalho.
Se isso fosse reconhecido, as sérias deficiências referentes às 
bases, e aquelas falhas racionais, intelectuais e morais que confrontam os 
estudantes ponderados e imparciais do sistema cristão, seriam amplamente 
reconhecidas, e um passo adiante seria dado em direção à reabilitação, enquanto 
um todo vivo, da tão mutilada fé.
Quão pouco conhecem o Cristianismo aqueles que conhecem somente 
um Jesus histórico, e deixam de levar em conta o caminho de Buda, como uma 
escada que deve ser subida para que se alcance o estado de Jesus!” (A 
Verdade Viva no Cristianismo, pp. 26-27)
Sobre os Símbolos Religiosos
I)
“Uma vez erguido o véu do simbolismo da face divina da Verdade, 
todas as Igrejas são similares, e a doutrina básica de todas é idêntica (...). 
Grega, Hermética, Budista, Vedantina, Cristã – todas essas Lojas dos Mistérios 
são essencialmente unas e são idênticas em doutrina. (...)
Nós sustentamos que nenhum credo eclesiástico isolado é 
compreensível somente por si mesmo, se não for interpretado com o auxílio de 
seus antecessores e de seus contemporâneos.
Por exemplo, estudantes de teologia cristã somente aprenderão a 
entender e a apreciar o verdadeiro valor e significado dos símbolos que lhes são 
familiares por meio do estudo da filosofia Oriental e do idealismo pagão.
Pois o Cristianismo é o herdeiro dessa filosofia e desse 
idealismo, e o que há de melhor em seu sangue vem das veias dessa filosofia e 
desse idealismo.
E visto que todos os seus grandes antecessores ocultaram por trás 
de suas fórmulas e ritos externos – os quais são meras cascas e coberturas para 
entreter os pobres de entendimento – as verdades internas ou ocultas reservadas 
ao iniciado, assim também o Cristianismo reserva aos buscadores sérios e aos 
pensadores mais profundos os Mistérios internos verdadeiros, que são unos e 
eternos em todos os credos e igrejas desde o princípio do mundo.
Esse significado verdadeiro, interior e transcendental é a 
Presença Real velada nos Elementos do Divino Sacramento: – a substância mística 
e a verdade simbolizadas sob o pão e o vinho das antigas orgias de Baco, e agora 
da nossa própria Igreja Católica.
Para aquele não sábio, que não pensa profundamente, que é 
supersticioso, os elementos físicos são a finalidade do rito; para o iniciado, o 
vidente, o filho de Hermes, eles são apenas os sinais externos e visíveis 
daquilo que é sempre, e necessariamente, interno, espiritual e oculto”. [Citado 
por Samuel H. Hart, em seu Prefácio à Quinta Edição (pp. 12-13), da 
obra The Perfect Way (O Caminho Perfeito). Citação extraída de Life of Anna Kingsford (Vida de Anna Kingsford), Vol. II, pp. 
123-124.]
II)
“E é sempre pela crucificação e morte na cruz da renúncia daquele 
velho Adão, o ser inferior, e a ressurreição e ascensão para uma condição de 
perfeição verdadeira que a salvação é finalmente alcançada. E a razão pela qual 
todas essas verdades eternas na história da alma foram centralmente colocadas na 
vida do profeta de Nazaré é simplesmente porque, reconhecendo nele os sinais ou 
testemunho de sua realização de perfeição num grau nunca antes alcançado, e em 
sua história as adequadas correspondências simbólicas, o Espírito Divino, sob 
cuja inspiração os Evangelhos foram compostos, o selecionou como o ícone das 
possibilidades da humanidade em geral.
Porém, mesmo rejeitando dessa maneira como sendo idólatra, como 
uma blasfêmia, e como perniciosa no mais alto grau à doutrina, conforme ela é 
comumente conhecida, da Redenção, Reconciliação ou Salvação Vicária  [N.T.: Aquela realizada por alguém em 
lugar de outro; no caso o sacrifício de Jesus Cristo para nos redimir do pecado, 
para nos reconciliar com Deus.], ainda assim vemos em Cristo Jesus o “único 
Filho gerado por Deus” (“Filho único de Deus”) (João
3:16, 18). E ainda assim nos apegamos a Seu sangue e a sua cruz como os únicos 
meios da salvação.
Mas é o Cristo Jesus dentro de nós, ou o homem que renasceu de 
alma e espírito puros, como o próprio Jesus declarou que todos devem nascer – 
exatamente do mesmo modo como se descreve que Ele nasceu – a quem buscamos para 
nos salvar. E os meios são Sua cruz de auto-sacrifício, renúncia, e pureza de 
vida; e a recepção em nós mesmos daquele “Sangue de Deus” que não é nenhum 
sangue meramente físico – com o qual as imperfeições morais não possuem nenhuma 
relação – mas que é a vida de Deus, o próprio Espírito puro, o qual é Deus, e o 
qual Deus está sempre derramando em abundância para o bem de Suas criaturas, 
dando a elas de sua própria vida e substância.
Quão perniciosa é a doutrina da redenção (ou reconciliação) 
vicária, conforme ela é comumente aceita, é algo que pode ser visto pelas atuais 
condições do mundo: intelectualmente, moralmente e espiritualmente, não menos do 
que fisicamente. O homem sempre se constrói segundo a imagem de seu Deus, isto 
é, segundo a sua idéia de Deus. E acreditando em um Deus que é injusto, egoísta 
e cruel, o homem não pode ser senão injusto, egoísta e cruel.
É precisamente essa má representação do caráter divino, e essa 
perversão da verdadeira e da única possível doutrina da reconciliação ou 
redenção, em uma doutrina que faz a salvação do homem um processo externo a si 
mesmo, e dependente da ação de outro que não ele mesmo, que, por meio da 
falsificação do Cristianismo, provocou o seu fracasso. E, ao invés de um mundo 
ordenado por princípios de justiça, simpatia e pureza, nos legou um mundo de más 
ações, de egoísmo e de sensualismo”. [Anna Kingsford e Edward Maitland, Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, pp. 
222-223].
III)
“É esse processo de transmutação, ou redenção do Espírito da 
Matéria, tanto na dimensão individual quanto na universal, que constitui o tema 
das sagradas escrituras, o objeto de todas as religiões verdadeiras, e a tarefa 
de todas as verdadeiras igrejas. E são os vários estágios desse processo que 
constituem respectivamente a Queda de Adão por meio da submissão da Eva dentro 
dele à serpente da Matéria; a descida de Israel, ou da Alma, até o Egito, ou o 
mundo e os sentidos; e o Êxodo ou fuga do mundo através da água da separação e 
consagração até o deserto, até a região erma da experiência beneficente; e a 
travessia do rio Jordão, ou rio da purificação, para tomar posse da terra 
prometida da perfeição”. [Anna Kingsford e Edward Maitland, 
Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras 
e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, p. 221].
IV)
“É o ser espiritual do homem – o Cristo Jesus dentro dele – que é 
o tema do Credo cristão. “O Credo dos Apóstolos é um resumo da história 
espiritual de todos aqueles que se tornam, pela re-generação, ‘Filhos de Deus’”.
 [Edward Maitland, The Life of Anna Kingsford (A Vida de Anna Kingsford), vol. 
I, p. 315]
V)
“A Bíblia, em síntese, pode ser definida como uma coleção de 
parábolas narrando a história da Alma, desde sua primeira descida na matéria, 
até o seu retorno final para sua condição original de puro espírito. E como a 
Alma passa pelo mesmo processo quer se trate de uma só ou de muitas – seja uma 
pessoa, uma igreja, uma raça, ou mesmo o universo como um todo – a narrativa que 
descreve, ou a parábola que representa a história de um, igualmente o faz para 
todos. E os mesmos termos, que são três em número, abrangem todo o processo.
Esses termos são Geração, Degeneração e Regeneração, e esses, 
portanto, sendo aplicados à Alma, são o tema da Bíblia, conforme agora 
mostraremos, e não a história física, ou qualquer pessoa ou povo seja lá qual 
for, muito embora sejam descritos em termos derivados de pessoas ou de um povo. 
E tomar tais pessoas, povos ou um outro símbolo por qualquer outra coisa que não 
sejam os seus apropriados papéis de símbolos, e ignorando o seu verdadeiro 
significado, e dar-lhes a honra devida apenas àquilo que de fato eles significam 
trata-se, em linguagem bíblica, de cometer idolatria.
Pois, ao assim proceder, nós materializamos mistérios 
espirituais, e conferimos à Forma a consideração devida apenas à Substância. 
Onde quer que compreendamos como coisas Sensoriais coisas que tão somente 
pertencem ao Espírito, encobrindo assim as verdadeiras feições da Divindade com 
representações falsas e espúrias, nós cometemos o que a Bíblia considera como o 
mais repugnante dos pecados, e nos tornamos idólatras e, ao mesmo tempo, nos 
identificamos com aquela escola materialista que está rapidamente se espalhando 
pelo mundo com o objetivo declarado de erradicar a própria idéia de Deus e de 
Alma.
Isso porque “Idolatria é Materialismo, o pecado comum e original 
dos homens, o qual substitui o Espírito pela Aparência, a Substância pela 
Ilusão, e conduz tanto o Ser moral quanto o Ser intelectual ao erro, de modo que 
eles substituem o superior pelo inferior, e o elevado pelo superficial. É esse 
falso fruto que atrai os sentidos externos, a tentação da serpente no começo do 
mundo”; e isso tanto para a raça quanto para cada indivíduo onde e quando quer 
que tenha vivido, pois todos estão sujeitos à sua atração.
Devemos então saber, para a reta compreensão das escrituras 
místicas, que em seu sentido esotérico, ou interior e real, elas não tratam de 
coisas materiais, mas de realidades espirituais; e que nem Adão é um homem real, 
porém antes denota a personalidade inferior ou força intelectual em todo ser 
humano; nem Eva uma mulher real, mas denota o elemento feminino em todo o ser 
humano, a saber, a Alma ou consciência moral; e ela é, portanto, chamada de a 
“Mãe dos que Vivem”, ou seja, dos que estão espiritualmente vivos – aqueles nos 
quais a Alma alcançou autoconsciência.
Tampouco o Éden é um lugar real, mas uma condição de inocência 
anterior a uma queda de uma altura alcançada. Nem é a Árvore da Vida no meio do 
Éden uma árvore real, porém Deus estabelecido no meio do Universo como sua vida. 
Do mesmo modo que não é o homem feito de imediato à imagem e semelhança de Deus, 
mas somente após longas eras de desenvolvimento, começando nas formas inferiores 
da vida vegetal, e seguindo sua elevação através de muitas formas, até que ele 
alcança a forma humana; e mesmo então ele não é feito à imagem de Deus, não é 
verdadeiramente homem no sentido bíblico e místico. Pois nesse sentido faz-se 
necessário algo mais do que o homem físico, mais do que o homem intelectual, 
mais até mesmo do que o homem moral, para tornar-se um homem.
Para ser feito à imagem e semelhança de Deus ele deve atingir sua 
maioridade espiritual, através do desenvolvimento da consciência de sua natureza 
espiritual. Ele deve ser alma tanto quanto corpo; Eva tanto quanto Adão; assim 
como no mundo físico, também no plano espiritual ele requer a mulher para lhe 
fazer um homem, e a mulher mística é a Alma. Antes do seu advento (da Alma), ele 
é o homem apenas materialístico e rudimentar, é homem apenas na forma, e é um 
animal em todos os outros aspectos.
Mas ela vem finalmente, manifestada como tão somente a Alma pode 
fazer, quando seu ser inferior está envolto em profundo sono, e ele acorda para 
descobrir-se plenamente homem, à imagem de Deus, macho e fêmea, no sentido que 
ele representa os dois aspectos, masculino e feminino da Deidade, o poder divino 
e o amor divino, e também os Sete Espíritos através dos quais Deus cria todas as 
coisas. Assim constituído ele é de fato Homem, pois ele é uma manifestação de 
Deus, por cujo espírito, operando dentro dele, ele tem sido criado. E criado 
desse modo tem sido e será todo o homem que jamais viveu ou viverá”. [Anna 
Kingsford e Edward Maitland, Addresses and Essays on 
Vegetarianism (Palestras e Ensaios 
sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, pp. 216-218].
VI)
“Se apenas uma vez pudermos ler a Bíblia com a visão não 
obscurecida pelo véu de sangue, e não distorcida pelo preconceito, então todo o 
seu mistério – o mistério de nossa queda e de nossa redenção – torna-se claro 
como o céu sem nuvens. Pois, então, podemos identificar como algo que ocorre em 
nossas próprias almas todo o processo, desde o começo até o fim, que a Bíblia, 
do Gênesis até o Apocalipse, apresenta sob a forma de símbolos e parábolas, 
precisamente como fez Nosso Senhor ele mesmo”. [Anna Kingsford e Edward 
Maitland, Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre o Vegetarianismo), capítulo O Vegetarianismo e a Bíblia, p. 221].
VII)
“A Regeneração nos mistérios hebreus é simbolizada pela fuga do 
Egito – o corpo, e, portanto, terra de aprisionamento para a alma – através do 
Mar Vermelho para o Deserto do Pecado, o cenário da provação no qual os quarenta 
dias místicos estão expressos em um período semelhante de anos.
A Redenção é representada pela travessia do Jordão, que separa 
esse deserto da provação da terra prometida da perfeição e repouso espiritual. 
Esse Jordão, ou rio do julgamento, não poderia ser atravessado por Moisés, pois 
ele tinha falhado na provação de sua iniciação.
A libertação final de Israel estava reservada a Joshua, um nome 
idêntico a Jesus, que se manteve fiel em todos os momentos. O Jordão corresponde 
ao rio Aqueronte dos mistérios do Olimpo, o qual todas as almas, ao descer ao 
mundo inferior, eram obrigadas a atravessar. E o Limbo, o Paraíso, o Avernus, os 
Campos Elísios, o Tártaro, o Purgatório e o repouso, todos denotam, sob diversos 
nomes, não localidades, porém esferas ou condições de existência, igualmente 
reconhecidos nos sistemas hebreu, pagão e cristão, e existindo no próprio 
homem”. [Anna Kingsford e Edward Maitland, The Credo of Christendom (O 
Credo do Cristianismo), p. 102]
VIII)
“Adão”, “Eva”, “Cristo”, “Maria” e o Restante – Simbolizam os 
Vários Elementos Espirituais que Constituem o Indivíduo e Seus Estados.
O tópico de sua segunda palestra (…) foi a segunda cláusula do 
Credo: “E em Cristo Jesus, Seu único Filho, nosso Senhor; que é concebido pelo 
Espírito Santo, nascido da Virgem Maria”.
Com relação a essa cláusula, ela disse que ao insistir na 
significação esotérica como sendo a única verdadeira e de valor, estamos 
simplesmente revertendo ao costume antigo e original.
É a aceitação do Credo em seu sentido exotérico [ou externo] e 
histórico que é realmente moderna. Pois todos os Mistérios Sagrados eram 
originalmente vistos como espirituais, e apenas quando eles passaram das mãos de 
iniciados devidamente instruídos para aquelas do ignorante e do vulgar é que 
eles se tornaram materializados e degradados ao nível em que atualmente se 
encontram.
A verdade esotérica desse artigo do Credo pode ser entendida 
somente por meio de um conhecimento anterior, primeiro, da constituição do homem 
e, em seguida, do significado dos termos empregados na formulação da doutrina 
religiosa.
Essa doutrina denota um conhecimento perfeito da natureza humana, 
e os termos pelos quais ela é expressa – “Adão”, “Eva”, “Cristo”, “Maria” e o 
restante – simbolizam os vários elementos espirituais que constituem o 
indivíduo, os estados pelos quais ele passa, e a meta que ele finalmente alcança 
no percurso de sua evolução espiritual.
Pois, como São Paulo diz: “essas coisas são uma alegoria” (Gálatas 4:24); e para compreendê-las é 
necessário conhecer os fatos aos quais elas se referem. Conhecendo esses fatos, 
não temos nenhuma dificuldade de reconhecer a origem de tal representação e de 
aplicá-la a nós mesmos.
Assim, “Adão” é o homem meramente externo e mundano, ainda que 
desenvolvendo no devido tempo a consciência de “Eva” ou a Alma – pois a alma é 
sempre a “Mulher” – tornando-se um ser dual constituído de matéria e espírito.
Como “Eva”, a Alma cai sob o domínio desse “Adão”, e tornando-se 
impura através da sujeição à matéria, dá nascimento a Caim, que, representando a 
natureza inferior, é descrito como cultivando os frutos do chão.
Mas, como “Maria”, a Alma readquire sua pureza e é descrita como 
sendo virgem, no que diz respeito à matéria e, se polarizando para Deus, 
torna-se mãe de Cristo ou o Homem Regenerado, o qual tão somente é o Filho Único 
de Deus e Salvador do homem no qual ele é gerado. Razão pela qual Cristo é tanto 
o processo como o resultado do processo. Assim sendo, ele não é “o Senhor”, mas 
“nosso Senhor”. O Senhor é Adonai, a Palavra, subsistindo eternamente no céu; e 
Cristo é sua contraparte no homem”.  [Edward 
Maitland, The Life of Anna Kingsford (A 
Vida de Anna Kingsford), vol. II, pp. 197-198.]
IX)
“Assim a alma é ao mesmo tempo Filha, Esposa e Mãe de Deus. Ela é 
quem esmaga a cabeça da Serpente. E da alma triunfante surge o Homem Regenerado, 
o qual, como o produto de uma alma pura e do espírito divino, é referido como 
sendo nascido da água (Maria) e do Espírito Santo.
As afirmações de Jesus para Nicodemos são explícitas e 
conclusivas quanto à natureza puramente espiritual tanto da entidade designada 
como "Filho do Homem", quanto do processo da sua geração. Esteja encarnado ou 
não, o "Filho do Homem" está necessariamente sempre “no Céu” – seu próprio 
“reino interior”. Do mesmo modo os termos que descrevem sua paternidade são 
destituídos de qualquer referência física. “Virgem Maria” e “Espírito Santo” são 
sinônimos, respectivamente, de “Água” e do “Espírito”; e esses, novamente, 
denotam os dois constituintes de todo ser regenerado, que são sua alma 
purificada e o espírito divino. De modo que o dito de Jesus – “Vós deveis nascer 
novamente da Água e do Espírito”, foi uma declaração, primeiro, de que é 
necessário para cada um nascer da maneira na qual se diz que ele mesmo nasceu; 
e, segundo, que a narrativa do Evangelho acerca do seu nascimento se trata, 
realmente, de uma apresentação, dramática e simbólica, da natureza da 
regeneração”.  
[Anna Kingsford e Edward Maitland, The Perfect Way; or, the Finding of Christ
(O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de 
Cristo), p. 143]
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